Na manhã desta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista à jornalista Silvana Oliveira, da Rádio Sociedade, em Salvador (BA), abordando temas como defesa da aplicação de recursos na área social, luta contra o fascismo, inclusão de minorias e investimentos federais na Bahia.
O primeiro assunto é a alta do dólar. “Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o Real nesse país. Não é normal o que está acontecendo”, destacou, apontando os verdadeiros responsáveis e lembrando que é inadmissível culpar falas presidenciais por flutuações cambiais.
Lula criticou igualmente a atual gestão e o modelo de autonomia do Banco Central, comandado pelo bolsonarista Campos Neto: “Bacen é um banco do Estado brasileiro, para cuidar da política monetária”. E afirmou que as decisões tomadas e a taxa de juros precisam considerar as necessidades do país, não apenas os interesses do mercado. No entanto, frisou que no momento não pode fazer nada a respeito, pois o presidente do BC “tem um mandato”.
Sem arrocho sobre os pobres
Na conversa, Lula defendeu os investimentos sociais e afirmou não aceitar a ideia de acabar com benefício de pobre, “a bolsa família está custando muito caro, o salário mínimo está custando muito caro… Como posso fazer economia em cima dessa gente?”. E recordou que as responsabilidades jurídica, política e social também são prioridades de seu mandato, que aprovou o marco fiscal e a inédita reforma tributária.
Sobre as políticas para as minorias, destacou a importância de sua inclusão na gestão federal, ressaltando a dificuldade de implementar esses avanços. “Temos um governo de coalizão, um conjunto de forças políticas, que indicam seus ministros. Não foi fácil criar o Ministério dos Povos Indígenas. É uma novidade que causa estranhamento em muita gente”, explicou. “A USP até 20 anos atrás era uma universidade de brancos. Hoje tem mais de 50% de gente negra e parda. Hoje, a universidade representa o colorido do Brasil, graças ao Prouni, FIES…”, acrescentou.
Uma universidade como a USP agora tem mais pessoas pretas e pardas, graças à política de cotas raciais e sociais. Ainda podemos fazer mais, porque o preconceito ainda não acabou, porque é como uma doença que precisamos tratar. #LulaNaRádioSociedade
— Luiz Inácio Lula da Silva (@LulaOficial) July 2, 2024
O presidente também mencionou investimentos significativos no estado da Bahia, com obras na BR-116, a ferrovia Leste-Oeste e o PAC, que direcionou 40 bilhões de reais para o estado. E destacou a modernidade da agricultura local e a abertura de 145 novos mercados externos para o agronegócio brasileiro nos últimos 18 meses.
Com os avanços tecnológicos, o agronegócio cresceu muito. Se há um setor brasileiro respeitado no mundo todo, é a agricultura. Eu não faço diferença entre pequenos e grandes produtores. Amanhã eu retorno para Brasília para importantes anúncios do Plano Safra para o setor…
— Luiz Inácio Lula da Silva (@LulaOficial) July 2, 2024
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Economia e reeleição
Ao falar de economia, Lula apresentou dados que provam o rumo certo adotado: “O PIB está subindo mais do que a previsão do mercado, o desemprego está caindo mais do que a previsão do mercado, a renda da massa salarial está crescendo mais do que a previsão do mercado”. E aproveitou para citar sua gestão na crise mundial de 2008, da qual o Brasil foi o último país a entrar e o primeiro a sair, lembrando que deixou a presidência com um crescimento de 7,5% do PIB.
O presidente ainda abordou sua saúde e futuras eleições, mas afirmou que só será candidato se não houver outro para combater o fascismo. “Me sinto um menino. Tenho muita energia. Tenho obsessão de consertar esse país e melhorar a vida do povo”, esclareceu.
Da Redação