Nesta segunda-feira (12), o presidente Lula criticou as novas tarifas comerciais norte-americanas deliberadas pelo presidente Donald Trump. O mandatário brasileiro ainda fez uma defesa do aprofundamento das relações com a China, que ele chamou de multilateralismo, em discurso no Fórum Empresarial Brasil-China, em Pequim.

Essas declarações ocorreram no primeiro discurso da visita oficial a Pequim, onde Lula destacou a importância dos laços com o país asiático. Nas palavras do petista, “a relação entre Brasil e China é indestrutível”.

Limosidade do protecionismo

Na visão de Lula, a política protecionista no comércio internacional historicamente elevaria a limosidade a ponto de ocasionar conflitos. “O protecionismo no comércio pode levar à guerra, como já aconteceu tantas vezes na história da humanidade. O que queremos é o multilateralismo para que a gente possa praticar o livre comércio”, externou Lula.

Segundo Lula, “é por isso que eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] tentou impor ao planeta Terra do dia para a noite, porque o multilateralismo, depois da 2ª Guerra Mundial, foi o que garantiu todos esses anos de harmonia entre os Estados. Não foi o protecionismo”.

Relação indestrutível

Durante o fórum, Lula fez um paralelo entre a China e o Brasil: “é notável que a China tenha tirado, em 40 anos, 800 milhões de pessoas da pobreza. Como é notável que o Brasil, em apenas 10 anos, tenha tirado 54 milhões de pessoas que passavam fome no meu país”.

Continuou, destacando que Brasil e China são “parceiros estratégicos e atores incontornáveis” que apostaram “na redução das barreiras comerciais e queremos mais integração”.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, seguiu a linha apontada por Lula, destacando a “construção de políticas convergentes que melhorem a qualidade de vida e façam a inclusão das pessoas. Esse é o objetivo do presidente Lula e do presidente Xi Jinping”.

Infraestrutura e tecnologia

Em seu discurso, Lula ponderou: “será um empreendimento fundamental para a logística brasileira e um dos mais transformadores para a garantia da segurança alimentar do mundo”, acrescentando que essa contribuição irá “conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, por meio de cinco rotas de integração, facilitará o intercâmbio comercial e levará mais desenvolvimento para o interior do continente sul-americano. As rotas bioceânicas encurtarão a distância entre Brasil e China em aproximadamente 10 mil quilômetros”.

Esse reflexo aconteceria não apenas no sistema de infraestrutura física, mas também no parque tecnológico nacional: “o Centro Virtual de Pesquisa e Desenvolvimento em Inteligência Artificial, fruto da parceria entre a Dataprev e a Huawei, será essencial para o desenvolvimento de aplicações em agricultura, saúde, segurança pública e mobilidade. A parceria da Telebras com a Spacesail ampliará a oferta de satélites de baixa órbita e levará internet a mais brasileiros, principalmente aos que vivem em áreas mais remotas”, destacou.

Matriz energética

Outro ponto observado foi a cooperação entre o Senai Cimatec e a Windey, que implicará na implantação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento. “A experiência chinesa de refino de minerais críticos contribuirá para valorizar a produção em nosso território, inclusive com transferência de tecnologia nos ciclos de montagem de baterias elétricas. Possuímos reservas abundantes de terras raras, lítio, nióbio, cobalto, cobre, grafite, urânio e tório”, afirmou Lula.

Para o ministro, a “sinergia” sino-brasileira termina se desenvolvendo frente às taxações dos EUA. “Portanto, torcemos para que avancem as negociações e que as bravatas do presidente americano [Donald Trump] recuem e fortaleçam a governança global e o diálogo, que são tão importantes para resolver os problemas comuns, como a mudança climática”.

“A transição energética precisa ter uma governança global. É isso que o presidente Lula tem apregoado pelo mundo e tem conseguido avanços, como conseguiu agora com o presidente [da Rússia, Vladimir] Putin, e veio agora para a China fortalecer mais uma vez essa relação bilateral tão fundamental para o desenvolvimento do nosso país”, afirmou Silveira, que complementou:

“CGN, BYD, Huawei estão muito dispostas a investir na geração de energias renováveis no Brasil, que se tornou celeiro dessas energias ao longo dos anos, mas principalmente foi revigorado pelas políticas públicas implementadas nos últimos dois anos, como algumas muito vigorosas: o combustível do futuro, criando o mandato do combustível sustentável de aviação, o mandato do diesel verde, normatizando a captura e estocagem de carbono, a aprovação da lei do hidrogênio verde, da eólica offshore, abrindo uma nova fronteira de investimentos também em alto-mar, a política nacional de transição energética. Essas políticas foram aprovadas nos últimos dois anos, colocando o Brasil como protagonista da transição energética global. Vamos para a COP30 com muito orgulho de ser o país com a melhor matriz energética do mundo. E agora, com a oportunidade de exportar sustentabilidade, o Brasil não vai perder um segundo sequer, sob a liderança do presidente Lula, para ajudar o mundo a se descarbonizar. É uma grande oportunidade econômica para o Brasil participar dessa nova economia.”

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Last Update: 13/05/2025