Em discurso durante encontro no Palácio de La Moneda, nesta segunda-feira (data a ser confirmada), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a necessidade de fortalecer a democracia diante das ameaças crescentes em escala global. Ao lado dos presidentes Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Pedro Sánchez (Espanha) e Yamandú Orsi (Uruguai), Lula destacou o simbolismo do local, marcado pelo golpe militar que depôs Salvador Allende em 1973.

“Democracias não se constroem da noite para o dia”, afirmou o presidente brasileiro, ressaltando os traumas deixados por regimes autoritários na América Latina. Lula alertou para o avanço de ofensivas antidemocráticas no mundo e afirmou que o cenário atual exige “ações concretas e urgentes”.

Durante o evento, Lula criticou os limites da democracia liberal, argumentando que a simples realização de eleições não garante a representação popular. “O sistema político e os partidos caíram em descrédito”, disse. Para ele, o fortalecimento das instituições democráticas e do multilateralismo deve ser uma resposta aos ataques que vêm sendo observados.

Entre os temas discutidos, o presidente defendeu a regulamentação das plataformas digitais como medida essencial no combate à desinformação. “Liberdade de expressão não se confunde com autorização para incitar a violência, difundir o ódio, cometer crimes e atacar o Estado Democrático de Direito”, declarou.

Lula também abordou a urgência do combate à desigualdade social. Citou que o salário de um presidente de multinacional chega a ser 56 vezes maior do que o de um trabalhador comum, e criticou políticas de austeridade que, segundo ele, agravam a fome e a exclusão. “733 milhões de pessoas passam fome todos os dias”, alertou, destacando a Aliança contra a Fome e a Pobreza, lançada pelo Brasil durante sua presidência no G20.

A defesa da justiça tributária e o enfrentamento das mudanças climáticas também estiveram entre os pontos centrais do discurso. Para Lula, é preciso um novo modelo de desenvolvimento que leve em conta os setores mais vulneráveis da sociedade.

O encontro ainda serviu para reforçar os laços entre América Latina, Caribe e Europa. “Somos duas regiões incontornáveis na ordem multipolar nascente”, afirmou Lula, que propôs uma atuação conjunta contra o racismo, a xenofobia e pela proteção dos direitos humanos.

O presidente concluiu defendendo que a luta em defesa da democracia deve envolver governos, mas também a sociedade civil, parlamentos, imprensa, setor privado e movimentos sociais. Segundo ele, a próxima etapa do diálogo ocorrerá em setembro, em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU.

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Last Update: 21/07/2025