A Petrobras anunciou nesta sexta-feira, 4, em cerimônia na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, um pacote de investimentos que totaliza R$ 33 bilhões.
O plano prevê aplicação de recursos em áreas como refino, petroquímica e combustíveis sustentáveis, com foco em segurança energética, produção local e novos mercados internacionais. A apresentação foi feita pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante o evento, Lula afirmou: “A Petrobras não é apenas uma empresa de petróleo. Ela é uma espécie de bússola da economia brasileira. Se a Petrobras vai bem, o Brasil vai bem. Por isso precisamos torcer para que ela seja cada vez mais avançada e mais tecnológica.”
O plano de investimentos inclui ações para ampliar o parque de refino, fomentar a produção de combustíveis de baixo carbono e reduzir a dependência do mercado internacional. Segundo o ministro Alexandre Silveira, o pacote tem como objetivo gerar empregos, impulsionar a inovação e conter pressões inflacionárias.
“Podemos, queremos e estamos ampliando o refino do nosso petróleo aqui no Brasil. Isso é segurança de fornecimento e soberania energética. Nossas refinarias diminuem o preço do combustível e economizam o dinheiro de todos. Tem impacto na inflação, no preço do alimento que chega à mesa do trabalhador e em toda a economia”, declarou.
Um dos destaques do pacote é o início da produção comercial de SAF (combustível sustentável de aviação) na própria Reduc ainda este ano. A planta produzirá cerca de 50 mil metros cúbicos por mês com conteúdo renovável.
“Nos próximos meses, a Reduc trará a produção de 50 mil metros cúbicos por mês de SAF com conteúdo renovável. O Brasil, gigante pela própria natureza, está saindo na frente, sendo um dos principais fornecedores de SAF do mundo. Isso é fruto da Lei do Combustível do Futuro, que aprovamos no ano passado”, disse Silveira.
A Petrobras já recebeu autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para produzir comercialmente o SAF. A licença foi concedida após a conclusão de testes com até 1,2% de óleo técnico de milho, um dos insumos utilizados na formulação do novo combustível.
Outro projeto anunciado é a ampliação da capacidade de produção de Diesel S10 na Reduc, que aumentará em 76 mil barris diários. Também está prevista a construção de uma nova central termoelétrica voltada à eficiência energética e a implantação de uma planta de SAF 100% renovável no Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí (RJ). Esses três empreendimentos somam mais de R$ 27 bilhões dos R$ 33 bilhões anunciados.
Silveira também comentou os impactos sociais da iniciativa. “A transição energética tem que ser justa e inclusiva. É a visão de futuro que levaremos para a COP30, em Belém. Com os anúncios de hoje, serão 37 mil famílias com mais renda, mais dignidade e esperança. O mundo vai considerar ainda mais a força da transição energética brasileira e da nova economia verde”, declarou.
As ações da Petrobras fazem parte de uma agenda mais ampla de reindustrialização com foco na sustentabilidade e na diversificação da matriz energética. Além de contribuir para o abastecimento interno, a produção de SAF e de derivados com menor impacto ambiental é vista como uma estratégia para acessar mercados regulados por metas de carbono, como os da União Europeia e dos Estados Unidos.
A cerimônia marcou também um reposicionamento estratégico da companhia, com ênfase no fortalecimento de ativos domésticos e no papel da Petrobras como instrumento de política energética nacional. O investimento em refino é considerado um dos principais eixos dessa retomada, após um período de desinvestimentos em unidades industriais.
Com os recursos anunciados, a estatal projeta aumentar sua capacidade de atender à demanda interna por combustíveis e diminuir a volatilidade dos preços associados às importações. Parte dos investimentos será destinada a atualizações tecnológicas, como automação de processos e melhorias nos padrões ambientais das refinarias.
O pacote de R$ 33 bilhões será implementado em etapas até 2028. A previsão é que parte das obras comece ainda no segundo semestre deste ano. Segundo fontes do setor, a execução dos projetos exigirá novas contratações diretas e indiretas, com impacto sobre as cadeias de fornecedores nacionais.
A Petrobras também informou que continuará a desenvolver estudos para expansão da produção de combustíveis renováveis em outras refinarias. As unidades de Paulínia (SP) e de Canoas (RS) estão entre as que poderão receber novas linhas de produção de SAF nos próximos anos, dependendo da evolução da demanda e da regulamentação.
As ações fazem parte do plano estratégico da empresa e estão alinhadas com compromissos de redução de emissões assumidos pelo Brasil em fóruns internacionais. A expectativa da companhia é que o portfólio de combustíveis sustentáveis represente uma fatia crescente da produção nos próximos anos.
O governo federal vem sinalizando que a Petrobras terá papel ativo no processo de transição energética do país, por meio de investimentos em tecnologias limpas e na ampliação do uso de fontes renováveis. A agenda será discutida na COP30, que acontecerá em 2025, em Belém (PA), com a presença de delegações de países signatários do Acordo de Paris.