O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que o governo federal avalia a possibilidade de reduzir o imposto de importação de alimentos que custarem mais caro no Brasil do que no exterior. Seria uma forma de aumentar a oferta do produto e, por consequência, diminuir o seu preço, segundo essa avaliação.
Costa também disse que o presidente Lula (PT) pediu foco em políticas agrícolas já existentes e prioridade para itens da cesta básica a fim de impulsionar o plano do governo de baratear alimentos. Trata-se de um tema prioritário na busca por elevar os índices de aprovação da atual gestão.
“Não tem explicação para [o preço interno] estar acima”, declarou o ministro. “Em todo produto cujo preço externo estiver menor que o interno, vamos atuar. O preço se forma no mercado. Se tornarmos mais barata a importação, vamos ter atores do mercado importando. E vão ajudar a abaixar o preço do produto interno.”
Os preços do grupo de Alimentação e Bebidas foram responsáveis por mais de um terço da alta na inflação de 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O IPCA marcou 4,83% de janeiro a dezembro e o impacto dos preços de alimentos foi de 1,63 ponto percentual. Esse grupo avançou 7,69%, puxado especialmente pela alta em alimentação no domicílio (8,23%).
Lula se reuniu com diversos ministros na manhã desta sexta-feira 24 para discutir medidas ligadas aos alimentos, a exemplo de Fernando Haddad (PT), da Fazenda; Paulo Teixeira (PT), do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar; e Carlos Fávaro (PSD), da Agricultura.
Segundo Rui Costa, que também esteve no encontro, os ministros apresentaram sugestões e assumiram a responsabilidade pelas ações.
“Mas eu diria que o carro-chefe é que o presidente pediu aos ministros do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura que deem um foco maior na hora da definição das políticas agrícolas já existentes, dos recursos já existentes para estímulo da produção, para que esses estímulos sejam mais concentrados nos produtos que fazem parte da cesta básica.”
Em entrevista após a reunião, o ministro da Casa Civil foi taxativo ao negar a adoção de qualquer medida “heterodoxa” e reforçou que os preços dos alimentos “se formam no mercado”. Também mencionou o impacto do dólar e de problemas climáticos enfrentados em 2024 por estados com forte produção de alimentos, a exemplo do Rio Grande do Sul.
Para este ano, enfatizou Costa, a expectativa é positiva, inclusive com uma safra recorde. De acordo com o terceiro Prognóstico para a Produção Agrícola, divulgado pelo IBGE em 14 de janeiro, a safra deve ser de 322,6 milhões de toneladas — 29,9 milhões a mais que o desempenho de 2024, um aumento de 10,2%.
No esforço para tornar os alimentos mais baratos, segundo o ministro, o governo também dialogará com o mercado. Ele projeta reuniões com produtores, associações dos supermercados e frigoríficos.
“Nenhuma medida heterodoxa será adotada. Não haverá congelamneno de preços, tabelamento, fiscalização, rede estatal de lojas. Isso não existe e sequer foi apresentado em qualquer reunião.”