A presidência pro tempore do Mercosul foi passada para o Brasil nesta quinta-feira (3), em Buenos Aires, Argentina. Com isso, o presidente Lula passa a liderar o grupo no lugar de Javier Milei, que constantemente faz menção a deixar o bloco.

A prioridade do líder brasileiro é fechar o acordo Mercosul-União Europeia em seis meses, portanto, durante a sua gestão. A fala foi reiterada em postagem nas redes sociais, após o presidente fazer a afirmação em entrevista a uma rede de TV baiana, antes da viagem para a Argentina.

No discurso feito na sessão plenária da Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Mercosul, que aconteceu antes da cerimônia oficial de transferência de cargo, Lula pontuou cinco prioridades que terá à frente do grupo:

  • fortalecimento do comércio com parceiros externos;
  • enfrentamento da mudança do clima e promoção da transição energética;
  • ampliação do desenvolvimento tecnológico;
  • combate ao crime organizado;
  • promoção dos direitos dos cidadãos.

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O presidente destaca na sua fala que o Mercosul é um “refúgio” em um mundo “instável e ameaçador”. Na sua avaliação feita, a Tarifa Externa Comum do grupo blinda os países “contra guerras comerciais alheias” e que a robustez institucional conquistada permite que os países membros sejam vistos como parceiros confiáveis, com cada vez mais interessados em firmar negócios.

Ao pormenorizar os tópicos, observa que o fortalecimento comercial passa pela necessidade de incluir os setores automotivo e açucareiro na união aduaneira. A intenção visa potencializar a produção de veículos elétricos e movidos por biocombustíveis.

Lula ainda reforça a necessidade de reativar o Fórum Empresarial do Mercosul e comemora a conclusão das negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), considerado um passo importante para avançar no acordo com a União Europeia: “criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo”, exalta.

Acordos do Mercosul com Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e a República Dominicana também foram apontados como prioridades, assim como a atualização de acordos com Colômbia e Equador.

Na visão dele, o momento pede um olhar especial para a Ásia, principalmente na aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia.

E para estreitar a ligação com os países asiáticos, enfatiza a importância de concluir os programas Rotas da Integração Sul-Americana e Rota Bioceânica.

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No que diz respeito às mudanças climáticas e transição energética, lembra sobre o compromisso brasileiro em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 59 e 67% até 2035. Ele ainda acrescenta que a realização da COP30, em novembro, em Belém (PA), é uma chance de a América do Sul apresentar soluções ao planeta.

Nesse aspecto, indica que na Cúpula do G7, na qual participou, um dos temas centrais foi o acesso a minerais como segurança energética, o que promove uma corrida por lítio, terras raras, grafita e cobre.

Quando o assunto é desenvolvimento tecnológico, a ideia é fazer do Mercosul um polo de tecnologias da saúde, além de atrair centros de dados para a região como forma de garantir a “soberania digital dos países”.

Sobre o combate ao crime organizado, Lula defende o investimento em inteligência integrada para conter o fluxo financeiro e de armas, visando à asfixia da indústria do crime.

Para alcançar esse objetivo, o presidente aprova a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, firmado em maio, e a inauguração, em junho, do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, localizado em Manaus (AM).

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Lula fez um destaque sobre a realização da Cúpula Social do Mercosul, prevista para dezembro, no Brasil, e informa que será realizada também uma Cúpula Sindical no âmbito do grupo. Ambas devem acontecer ao final do mandato rotativo do Brasil no bloco, que tem duração de seis meses.

“A presidência brasileira do Mercosul honrará seu legado, trabalhando por uma integração solidária e sustentável”, declara o presidente Lula.

Lula durante foto oficial da 66ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e dos Estados Associados. Palácio San Martín, Buenos Aires, Argentina. Foto: Ricardo Stuckert

Antes de finalizar, em deferência aos falecimentos do presidente Pepe Mujica e do papa Francisco, Lula fez questão de frisar: “Tenho orgulho de vir do mesmo quadrante da Terra que esses dois seres humanos excepcionais.”

Após os eventos ligados ao Mercosul, Lula visita a ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, que está em prisão domiciliar depois de perseguição do sistema judiciário para impedir sua candidatura.

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Last Update: 03/07/2025