O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto de lei que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, pelo Projeto de Lei (PL) 1818/2022. A assinatura ocorreu em Corumbá (MS) e contou com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).
Corumbá concentrou 67,3% dos 4.553 focos de calor no Pantanal de 1º de janeiro a 28 de julho. O Pantanal enfrenta a seca mais grave em 70 anos, intensificada pela mudança do clima.
O PL traz uma abordagem planejada e coordenada para usar o fogo de forma controlada, visando prevenir e combater incêndios florestais, conservar ecossistemas e respeitar práticas tradicionais.
O presidente sobrevoou áreas queimadas e conversou com brigadistas que atuam no combate às chamas. Lula disse que a lei será um marco no combate a incêndios no Brasil e destacou a importância do trabalho conjunto entre governo federal, estaduais e municipais. Ele também falou sobre a importância do Pantanal para o Brasil.
“Um país que tem um território como o Pantanal e a gente não cuida disso, esse país não merece o Pantanal. O Pantanal é um patrimônio da humanidade, pela diversidade de coisas que tem aqui”, disse.
Até 29 de julho, foram registrados 82 incêndios no Pantanal; 45 foram extintos e 37 estão ativos, dos quais 20 controlados (quando o fogo está cercado por uma linha de controle).
Em apoio às equipes locais, o governo federal tem 890 profissionais em campo, entre integrantes das Forças Armadas, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Federal. São 15 aeronaves em operação, entre aviões e helicópteros, e 33 embarcações.
“Fiquei emocionado hoje, em cima do helicóptero, vendo os brigadistas tentando apagar o fogo e vendo o trabalho feito pelos entes federados. O presidente não pode ficar no Planalto culpando prefeito porque teve incêndio na floresta ou ficar culpando o governador, porque eles se afastam e a gente fica sozinho. Sozinho a gente não consegue fazer as coisas”, disse.
Sobrevoando o Pantanal e vendo o trabalho do governo para conter os incêndios.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez um apelo para que o fogo não seja provocado na região. “Se não parar de colocar fogo, não tem quantidade de pessoas e equipamento que vença. O que pode fazer a diferença é parar de atear fogo no Pantanal”, disse.
Será permitido utilizar o recurso nos seguintes casos: pesquisa científica aprovada por instituição reconhecida; prática de prevenção e combate a incêndios; cultura de subsistência de povos indígenas, comunidades quilombolas ou tradicionais e agricultores familiares; e capacitação de brigadistas florestais.
O texto define os tipos de queimada como controlada e prescrita. A primeira é a usada para fins agropecuários em áreas determinadas e deverá constar em plano de manejo integrado do fogo, com autorização prévia dos órgãos competentes. A autorização poderá ser dispensada para fins de capacitação em manejo integrado do fogo, desde que a área queimada não ultrapasse 10 hectares e esteja de acordo com as diretrizes do Comitê Nacional de Manejo, que ainda será criado.
Já a queimada prescrita ocorre com planejamento e controle do fogo para fins de conservação, pesquisa ou manejo dentro do plano integrado. É o que ocorre, por exemplo, no controle de espécies exóticas ou invasoras. Essa modalidade também exige autorização prévia.