Lula assina a MP de reforma do setor elétrico; entenda as mudanças

O presidente Lula (PT) assinou nesta quarta-feira 21 a medida provisória de reforma do setor elétrico. O governo preparava uma cerimônia para o lançamento da MP na última quinta 15, mas o evento foi cancelado pelo comparecimento do petista ao velório do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.

Na prática, a assinatura aconteceu sem qualquer pompa, em uma reunião fechada no Palácio do Planalto com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

No encontro, Lula e seus líderes no Congresso Nacional buscavam definir os responsáveis pela relatoria e pela presidência da comissão mista para MP. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) é cotado para assumir um dos cargos.

Participaram da reunião o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), além dos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).

Na saída do encontro, o ministro Silveira falou à imprensa. Disse que a medida prevê a proteção da classe média e de toda a população mais pobre. “ [O objetivo é] fazer justiça tributária e trazendo abertura de mercado, beneficiando a classe média, quebrando o monopólio das distribuidoras e o monopólio de uma só fonte de energia do mercado regulado”, afirmou.

Reforma do setor elétrico

A reestruturação da Tarifa Social de Energia Elétrica pode beneficiar até 60 milhões de brasileiros. 

A proposta do governo Lula cria duas novas faixas de benefício: uma isenção total da tarifa de energia para famílias com menor renda e um desconto parcial para um grupo intermediário.

Quem seria beneficiado?

A principal medida prevê isenção total da conta de luz para famílias inscritas no CadÚnico que consumam até 80 kWh por mês. Esse grupo inclui:

  • Famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo;
  • Pessoas com deficiência ou idosos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada;
  • Famílias indígenas e quilombolas;
  • Residentes em áreas isoladas não conectadas ao sistema elétrico nacional.

Na prática, uma família nessas condições que consumir até 80 kWh/mês não pagará nada. Caso ultrapasse esse limite, pagará apenas pela diferença.

Outro grupo, formado por famílias com renda per capita entre meio e um salário mínimo, também terá alívio na conta. Essas famílias ficarão isentas da cobrança da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que representa cerca de 12% do valor final da conta de luz, desde que o consumo mensal não ultrapasse 120 kWh.

Essa faixa de desconto pretende criar uma transição entre os beneficiários da tarifa social e os consumidores que já pagam a tarifa integral.

De acordo com os dados apresentados pelo governo:

  • 17 milhões de famílias devem receber o benefício integral da nova tarifa social, atingindo cerca de 60 milhões de pessoas;
  • 4,5 milhões de famílias terão a conta de luz zerada;
  • o desconto social deve alcançar 21 milhões de famílias, sendo que 8,5 milhões já estão inscritas no CadÚnico.

Quais são os custos?

O custo estimado da nova tarifa social é de 3,6 bilhões de reais ao ano, enquanto o desconto social representa 850 milhões. Esses valores serão custeados pela CDE, o que poderia gerar um impacto médio de 0,9% e 0,53% na conta dos demais consumidores.

Para equilibrar os custos, o governo propõe rever subsídios às fontes de energia incentivadas, como solar e eólica, cujos contratos se encerram nos próximos anos. Isso poderia reduzir os custos da CDE em até 10 bilhões de reais no longo prazo.

Artigo Anterior

Violência contra jornalistas recua, mas censura e assédio judicial disparam

Próximo Artigo

Presidente da Fenafisco defende prerrogativas do Fisco e alerta para risco de invasão de competências na reforma tributária

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!