
O governo Lula (PT) aposta em uma ofensiva digital para frear a queda de popularidade, com uma nova estratégia de comunicação no WhatsApp, inspirada no sucesso da prefeitura de Recife (PE), comandada por João Campos (PSB), aliado do presidente, conforme informações da colunista Vera Rosa, do Estadão.
O objetivo é usar o aplicativo para enviar mensagens mais diretas à população, especialmente aos eleitores de baixa renda, que se beneficiam de programas sociais, mas não se sentem contemplados pelo governo federal.
A estratégia busca captar a atenção de pessoas com rendimentos de um a dois salários mínimos, mostrando que as entregas do governo Lula estão sendo feitas e conquistando apoio da classe média e do público jovem. Os ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social já começaram a enviar mensagens “personalizadas” por WhatsApp para beneficiários de seus programas sociais.
“Temos um sistema de comunicação que é uma via de mão dupla”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias. “Enviamos mensagens institucionais e oferecemos o telefone 121 para dúvidas e encaminhamentos sobre os 48 programas integrados ao Cadastro Único – onde o Bolsa Família é o principal deles – por meio do WhatsApp ou Call Center”, completou o ministro.
Base de dados
O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) é uma das bases de dados utilizadas para o disparo das mensagens, em parceria com a Dataprev e o Serpro. O governo também consultou a Advocacia-Geral da União (AGU) para garantir que a iniciativa não infringiria a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A AGU entendeu que não há impedimentos, já que a lei permite o tratamento de dados pessoais quando voltados para a execução de políticas públicas.
Sob a liderança de Alexandre Padilha, o Ministério da Saúde começou a enviar mensagens via WhatsApp para os usuários do programa Farmácia Popular. A pasta identificou cerca de 2 milhões de pessoas diagnosticadas com hipertensão que não retiraram os medicamentos gratuitos nos últimos três meses e enviou alertas para esses usuários.

O governo ainda usou a base de dados do DataSUS para a ação piloto. O objetivo é ampliar o acesso da população às políticas públicas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O programa “Agora tem Especialistas”, que foi relançado no último dia 30, também utilizará o WhatsApp para enviar informações.
Desde a chegada do ministro de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, ao governo em janeiro, equipes de João Campos têm sido constantemente chamadas para ajudar, com visitas quase semanais a Brasília. A jornalista Mariah Queiroz, ex-integrante da equipe de Campos, agora é secretária de Estratégia e Redes da Presidência.
“A nossa estratégia contribui para dar mais informação e clareza sobre os serviços públicos e evitar que o cidadão caia em golpes”, afirmou o secretário de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia de Recife, Rafael Cunha. “A melhor propaganda de um governo é o trabalho, e o que a gente faz na plataforma digital é prestar serviço. Trata-se de um instrumento de participação popular”, completou.