Ao inaugurar uma nova barragem no Rio Grande do Norte, o presidente Lula (PT) alfinetou ‘elites econômicas’ e ‘pessoas granfinas’ que criticam o seu governo. Para o petista, o alto índice de reprovação registrado entre os grupos se dá por falta de compreensão com políticas de distribuição de renda.
“Eu quero que o dinheiro circule nas mãos das pessoas. É por isso que a gente percebe que pessoas mais granfinas não gostam da gente. As pessoas não querem entender [esse modelo]”, afirmou Lula nesta quarta-feira 19.
“A raiva que eles têm de nós é porque temos mais de 300 bilhões de reais em políticas públicas distribuídas para crianças”, insistiu. “Quem não sabe o sucesso do Pé-de-meia? Quem não sabe o sucesso do Prouni e das coisas que fizemos na Educação?”, questionou, em seguida.
A reação de Lula ocorre horas depois de uma nova pesquisa indicar altos índices de reprovação ao governo entre os integrantes do chamado mercado financeiro. O segmento é tido como um porta-voz das elites questionadas por Lula nesta quarta-feira.
Segundo o levantamento realizado pela Quaest, 93% dos entrevistados apontam a avaliação de que a política econômica do País está indo na direção errada. Ainda de acordo com o levantamento, 92% apontam Lula como o principal responsável por essa direção equivocada.
O petista, no evento, indicou não se incomodar com os resultados. “Nós queremos outro País”, concluiu.
Agenda positiva e críticas ao ex-capitão
O presidente, no evento desta quarta-feira, usou boa parte do discurso para tentar reforçar uma agenda positiva de gestão. A ação coincide com a nova diretriz de comunicação do governo que visa alavancar sua popularidade. Entraram na conta exaltações ao projeto que isenta de Imposto de Renda quem ganha até 5 mil reais e a nova linha de empréstimos a juros menores para trabalhadores com carteira assinada. Lula ainda reforçou a retomada de obras de infraestrutura no âmbito do Novo PAC.
“Estou aqui inaugurando um dos últimos trechos da transposição das águas do São Francisco e mostrando que aquilo que a elite econômica brasileira não quis fazer, que os fazendeiros não fizeram, que os advogados que governaram o País não fizeram, que os sociólogos que governaram não fizeram, que os professores que governaram não fizeram, um metalúrgico foi lá e fez”, afirmou Lula.
O presidente ainda ironizou a tentativa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de evocar para si a transposição do rio que levou água para o Nordeste, projeto iniciado nos primeiros governos do PT, com Lula e Dilma Rousseff. “As pessoas não querem adotar as coisas que não prestam, só querem adotar as coisas que são boas”, disse. “Mas eu não quero discutir quem fez ou quem não fez essa obra, eu quero agradecer os deputados e senadores que colocaram 203 milhões de emendas, porque um presidente irresponsável só tinha colocado 87 milhões”, completou.
Mais adiante, o petista voltou a mencionar a falta de recursos para a obras no governo do ex-capitão. “Quando cheguei em 2023, no orçamento não tinha nenhum centavo para fazer obra. Se não tivéssemos colocado no PAC a gente não teria essa obra”, afirmou. “Esse País estava acéfalo. Ele [Bolsonaro] só sabia mentir na televisão. Só sabia destilar ódio e ofender as pessoas”, finalizou.
