O presidente Lula participou, neste sábado (24), dos dois primeiros comícios do candidato Guilherme Boulos (PSOL) e da vice Marta Suplicy (PT) na campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo. Ele enfatizou que a eleição do deputado federal é muito importante para que o município amplie sua adesão às políticas públicas do governo federal, para o bem de todos os paulistanos.

“A gente pode construir parcerias. Governo federal e governo municipal, na área da saúde, na área da educação, na área do transporte, na área da habitação. A gente pode fazer a mais profunda parceria entre o poder federal e o poder municipal”, afirmou.

O primeiro comício aconteceu no bairro Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo. O segundo foi em São Miguel Paulista, na Zona Leste. Acompanharam Lula, entre outros, ministros, parlamentares e dirigentes partidários, como o secretário nacional de Comunicação do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (SP).

Lula disse que a eleição de Boulos em uma cidade da relevância de São Paulo é muito importante também para a preservação da democracia e dos direitos dos cidadãos.

“A democracia, na minha opinião, é o melhor sistema de governo que você pode ter, porque somente na democracia é que o metalúrgico sem diploma universitário pode chegar à Presidência da República três vezes nesse país. Somente o regime democrático pode garantir que uma pessoa da periferia [como Boulos] possa ser candidata à prefeita de São Paulo, porque antigamente era uma coisa distribuída entre a elite”, disse.

Para Lula, a vitória de Boulos será um verdadeiro presente. “Meu aniversário é no dia 6 de outubro, por registro. E no dia 27, dia do 2° turno, é meu aniversário de verdade. O povo de São Paulo pode me dar de presente o voto no Guilherme Boulos. E o Boulos pode contar comigo nos meus horários fora da presidência para fazer a sua campanha”, assegurou.

 

Revolução administrativa

O presidente afirmou também que a vitória do candidato representará a continuidade das boas gestões petistas na capital paulista. “Essa cidade aqui teve a primeira experiência de administração social com a nossa querida companheira Luiza Erundina; depois a revolução que a Marta fez e depois o companheiro [Fernando] Haddad. E é preciso voltar com o Boulos, porque o Boulos vai ser a síntese das coisas boas que os três fizeram”, prosseguiu.

Segundo Lula, a gestão Boulos-Marta vai promover uma revolução na capital paulista: “E eu estou aqui para dizer para vocês, alto e bom som: nós estamos juntando a energia de um jovem de 42 anos com a experiência da mais bem-sucedida administradora da cidade de São Paulo, a Marta Suplicy, para fazer uma revolução administrativa e uma revolução social nesta cidade”.

Lula prosseguiu: “Porque governar não é só fazer ponte, não é só fazer viaduto. Governar é cuidar das pessoas, cuidar daquelas que mais necessitam. Porque, muitas vezes, a gente faz um grande viaduto, fica todo feliz, e o povo pobre nunca vai poder passar naquele viaduto, nunca vai conseguir passar lá”.

O presidente disse ter falado também a Boulos sobre a importância de se governar para todos os habitantes da cidade, da periferia à região central.

“Eu estava dizendo agora ao Boulos: ‘você vai governar para todos. É importante a gente saber que a gente tem uma preferência de cuidar do povo mais necessitado, mas não pode destratar o centro da cidade. Porque, embora você vá cuidar da periferia com muito carinho, é importante que o centro de São Paulo esteja bonito, porque o povo da periferia adora vir no centro e adora ver que o centro está bem tratado’”, pontuou.

Relação com Boulos

Lula lembrou ter começado a prestar atenção em Boulos em 2005, durante seu primeiro governo. Na ocasião, o psolista liderava uma manifestação perto da casa do presidente, em São Bernardo do Campo (SP). À época, ele era muito atacado por defender o direito à moradia e outras causas sociais.

O presidente recordou ter ficado preocupado com os protestos, mas, em nome de uma “relação política civilizada”, decidiu se aproximar de Boulos.

“Eu poderia ter rompido com Boulos. Eu poderia ter chamado ele de invasor de terra, um cara que só quer briga, só quer confusão, está juntando tudo que não presta. Ao invés de fazer isso, eu resolvi me aproximar, resolvi compreender, resolvi conversar. Resolvi entender e ser entendido”, disse Lula.

“Porque uma relação política é como se fosse uma via de duas mãos: a gente concorda e não concorda. A gente tem que ouvir e tem que falar. E eu posso dizer para vocês que é com muito orgulho que eu estou pela primeira vez na cidade de São Paulo pedindo voto para um companheiro que não seja do PT”, disse Lula.

Ele acrescentou que “isso a gente só faz quando a gente aprende, quando a gente tem discernimento, quando a gente deixa de pensar pequeno, quando a gente pensa nos interesses da maioria, e não apenas nos nossos interesses pessoais ou partidários”.

Defesa da política

Lula também alertou para os riscos representados pela extrema direita na eleição, tanto para a democracia quanto para os direitos sociais.

“Eu queria que vocês prestassem atenção. Pelo amor de Deus, a gente não pode olhar uma raposa e achar que essa raposa vai tomar conta do nosso galinheiro. A raposa pode ser simpática, a raposa pode até cantar como a galinha depois que põe o ovo, mas é importante saber que, se colocar a raposa no galinheiro, você vai levantar de manhã, não vai ter nem raposa e nem galinha”, afirmou.

“Eu estou dizendo isso para vocês porque eu estou vendo a campanha agora e estou vendo algumas pessoas dizerem ‘eu não sou da política, aquele não presta, aquele é ladrão, eu não sou da política, vote em mim. Eu não sou da política, eu sou honesto’. Jânio Quadros dizia isso e só durou 6 meses na Presidência da República. O Collor de Mello dizia isso e só durou 2 anos na Presidência da República”, acrescentou o presidente.

Ele ressaltou que defende o voto em Boulos porque porque quem é da política tem compromisso.

“O que nós precisamos, de fato e de direito, é o seguinte: eu quero votar no Boulos porque ele é da política, porque ele é da política,  porque ele tem partido, e quem tem partido tem compromisso. Ele não é um candidato dele”, disse.

“A gente não tem que tratar o Boulos como se ele fosse um candidato do PSOL. O Boulos é um candidato do PT, é um candidato do PSOL, é do PCdo B, é do PV, é do PDT, é de todos os partidos. A gente está apoiando o Boulos porque a gente precisa que São Paulo tenha o melhor para governar essa cidade, o mais competente, o mais ousado e o mais compromissado”, enfatizou.

No final do discurso, Lula reafirmou o compromisso de dar todo o apoio possível à chapa Boulos-Marta: “Contem comigo, companheiros. Aquilo que eu puder fazer, fora do meu horário de trabalho na Presidência, eu farei. Porque São Paulo é muito importante para o Brasil. São Paulo é muito importante do ponto de vista cultural, do ponto de vista financeiro, do ponto de vista econômico, do ponto de vista da geração de emprego, do ponto de vista de respeito aos brasileiros”.

Rumo à vitória

Momentos antes da chegada de Lula, o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, demonstrou bastante otimismo com a largada de Boulos e Marta na corrida eleitoral.

“Aqui no Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo. O palco que está sendo montado, que vocês estão vendo aqui. E esperando o presidente Lula chegar. Aqui é o povo. Povo da Zona Sul no comício do Lula. Estamos juntos, Lula. Boulos 50, Marta, toda equipe do PT, estamos juntos, rumo à vitória aqui na cidade de São Paulo”, disse Tatto.

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Última Atualização: 26/08/2024