O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a taxa básica de juros de 10,5% está “exagerada”. Durante entrevista à Rádio Princesa, disse que o Banco Central não está combinando com o “desejo da nação”. E ressaltou que o seu compromisso com inflação baixa é uma “profissão de fé”.
“Quem quer o Banco Central autônomo é o mercado, que fazem parte do Copom, que determina a meta de inflação, que determina política de juros. Eu tive um Banco Central independente. O (Henrique) Meirelles ficou 8 anos no meu governo, como presidente do Banco Central, e o Meirelles teve total independência para fazer os ajustes que quisesse fazer, sem que o presidente da República se metesse”, afirmou.
“Agora, veja, o que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Nós não precisamos ter política de juros altos nesse momento, não precisamos. A taxa Selic de 10,50 está exagerada, a inflação está controlada. Nós acabamos de aprovar a manutenção da média de 3%”, acrescentou.
“Inflação baixa, para mim, não é um desejo, é uma obsessão. Porque eu sei que quanto mais baixa a inflação, mais o trabalhador tem poder aquisitivo, mais o dinheiro vai render. Então, isso faz parte da minha vida. Não é um programa de governo, não é um discurso. Isso é uma profissão de fé que eu carrego”, ressaltou o presidente.
Rumo certo
Lula afirmou que o país “encontrou seu rumo” e voltou a criticar os “negacionistas do mercado”. “Se você analisar os números, os negacionistas diziam que o PIB ia crescer 0,8%, cresceu 3%. Agora vai crescer mais. ‘Ah, porque o desemprego’. O menor desemprego desde 2014, divulgado ontem pela PNAD, 7,1% de desemprego, o menor de 2014. A massa salarial cresceu 11,7%. 87% dos acordos salariais que estão sendo feitos agora, são acordos salariais feitos com ganhos acima da inflação. Coisa que no governo passado era 87%, com menos do que a inflação. Então esse país encontrou o seu rumo”, disse.
Ao mesmo tempo, Lula reafirmou que não pretende desvincular o aumento do salário mínimo da Previdência. “Não faço isso porque não é correto do ponto de vista econômico, do ponto de vista político, do ponto de vista humanitário. O mínimo é o mínimo. Não tem nada mais baixo. A gente tem a obrigação de recolocar a inflação, a reposição inflacionária. O mínimo é aquilo estabelecido por lei para que a gente garanta ao trabalhador a possibilidade de comer as calorias e as proteínas necessárias”, disse.
Além disso, disse que o programa Acredita será uma “revolução creditícia nesse país”. O governo prepara os últimos detalhes antes de começar a operar. “Se o país tiver crédito, vai para frente. É preciso crédito a juros barato para que o povo possa ter vontade de investir”, declarou o presidente.
Obras na Bahia
Após a entrevista, Lula inaugurou trecho de duplicação e adequação de obras da BR 116, entre Santa Bárbara e Feira de Santana, na Bahia, incluindo o Contorno Rodoviário Oeste em Feira de Santana. Durante o evento, o governo também anunciou R$ 2,4 bilhões em investimentos para a infraestrutura rodoviária do estado e autorizou contratação de 1.075 moradias em Feira de Santana, pelo Minha Casa, Minha Vida.
Ele também falou sobre a ferramenta ComunicaBR, uma plataforma online que permite acompanhar dados sobre as entregas das principais obras do governo federal em cada município e estado, mês a mês. Para o presidente, a divulgação sobre os usos do dinheiro público é um “compromisso moral, político e ético” do seu governo, além de dar transparência sobre a participação do governo federal nas políticas públicas dos governos locais.
“Muitas vezes, você vai no estado, chega lá você financia uma estrada, uma ponte, você manda ambulância, e o governador não fala do governo federal, a prefeitura não fala do governo federal. O que queremos mostrar com isso é que, só é possível esse país dar certo, se a gente fizer uma governança com participação dos três entes federados, a prefeitura é importante, o estado é importante e o governo federal é importante”, disse Lula.
“Todas as políticas públicas nesse país, 90% delas, tem o dedo do governo federal. E é bom que seja assim, eu sei que as prefeituras muitas vezes não têm o dinheiro para fazer as coisas, então o governo federal precisa passar dinheiro para prefeitura, sim. E é por isso que a gente quer mostrar”, acrescentou.