O presidente Lula esteve nesta segunda-feira (28) na inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). Somada à GNA I, o complexo industrial agora produz 3 gigawatts (GW) de energia e se torna o maior parque de geração a gás natural da América Latina, capaz de atender 14 milhões de residências. Para esta segunda fase do projeto, incluída no Novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), foi realizado um investimento de R$ 7 bilhões, com parte do valor financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na cerimônia, em recado a Eduardo e Jair Bolsonaro, que tramam contra o Brasil ao colocarem o país na mira de Donald Trump, Lula ironizou: “Brasil acima de tudo, mas primeiro os Estados Unidos. É uma falta de vergonha, falta de caráter, uma falta de patriotismo. Com muita tranquilidade, o Brasil quer negociar”, diz.

Segundo o presidente, o Brasil está aberto a negociar e prova do seu empenho em criar facilidades para o comércio é a grande quantidade de novos mercados abertos no seu atual mandato: “A gente quer negociar e fazer comércio. Sabe quantos mercados novos abrimos desde quando eu tomei posse até agora? 398 mercados. Faltam dois para completar 400. Quando completar eu vou comemorar igual ao Pelé, porque não é fácil, é muita conversa, é muito telefonema, eu mando cartas para todos os presidentes”, revela.

Terras raras

De acordo com Lula, o Brasil tem muito mais a oferecer ao mundo do que apenas os produtos de exportação. Nesse sentido, ressalta que a energia é o “ouro do momento” em tempos de transição energética, e isso o Brasil tem de sobra: “o Brasil pode ser o país mais importante nessa questão da transição energética”.

Como lembra, no cenário atual o tema das terras raras, ricas em minerais críticos como nióbio, lítio, grafite e cobre, ganha relevância.

Lula afirmou saber que os EUA condicionaram a ajuda à Ucrânia à exploração de suas terras raras, assim como indicou que poderia estar interessado nos minerais críticos brasileiros em troca da negociação acerca do “tarifaço”.

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O presidente foi firme ao dizer que se os minerais críticos encontrados em terras raras nacionais são tão importantes, é o Brasil que deve utilizá-los. Assim, explicou que o governo criou uma comissão ultra especial para conhecer, efetivamente, toda a riqueza que está no subsolo do país. Ele afirma que os especialistas indicam que somente 30% dessa riqueza está mapeada. Este novo esforço compreende a autorização para a pesquisa e, posteriormente, exploração – sempre lastreadas pelo governo federal.

“Aquilo [encontrado] é nosso, aquilo é do povo brasileiro, que tem direito a usufruir dessa riqueza que pode ser produzida, é simples assim. Não queremos nada dos outros, queremos apenas garantir que aquilo que é nosso possa gerar riqueza para que esse país deixe de ser eternamente em vias de desenvolvimento e seja um país altamente desenvolvido”, ressalta.

Energia e Gás de cozinha gratuitos

Na sua fala o presidente também destacou as iniciativas energéticas em benefício dos mais carentes.

“A partir de agora quem consome até 80 quilowatts não pagará mais nada de energia elétrica, e quem consome até 120 quilowatts vai pagar apenas a diferença”, afirma o presidente em referência ao programa Luz do Povo, que já está em vigor.

Ele também destacou a o lançamento do programa Gás para Todos, marcado para 5 de agosto, que atenderá 17 milhões de famílias, com gás de cozinha gratuito.

“As pessoas mais humildes desse país vão parar de pagar o gás de 140 reais. Não é possível que a Petrobras consiga tirar um botijão de 13 quilos por 37 reais e a pessoa na sua casa compre a 130 ou 140 reais. Tem gente ganhando dinheiro às custas do sofrimento de muitos. Então, vamos garantir que as 17 milhões de famílias mais pobres tenham o gás de graça para poder cozinhar o seu feijão e o seu arroz”, celebra.

Usina termelétrica

A inauguração da GNA II soma mais 1,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Sozinha, a usina atende 8 milhões de residências com energia, o que a torna a maior termelétrica do país. Ao longo de três anos, as obras geraram cerca de 10 mil empregos diretos e contaram com R$ 4 bilhões investidos via financiamento do BNDES em benefícios que se estendem ao Porto de Açu, por onde passa 40% do petróleo exportado pelo Brasil e é a porta de entrada de 50% do gás natural liquefeito importado.

De acordo com o governo, “a planta foi projetada para operar com até 50% de hidrogênio em substituição ao gás natural, representando um passo importante rumo à transição energética.”

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a importância das obras: “Atende a demanda dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. 10% de toda a energia termoelétrica a gás do país. Energia capaz de abastecer 14 milhões de unidades familiares. As usinas da GNA contribuem para dar segurança energética ao país”, afirma.

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O ministro ainda revelou que está previsto para novembro a inauguração da linha de transmissão de energia elétrica conhecida como “Linhão de Manaus-Boa Vista”. A obra irá integrar o estado de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN): “O estado da federação que faltava, um feito histórico em um país de dimensões continentais”, diz Silveira.

Juntas, GNA I e GNA II tiveram R$ 12 bilhões investidos e nos períodos de maior demanda responderam por 22 mil empregos diretos. Com a operação dessa segunda fase, já em funcionamento, o Brasil passa a deter o “maior e mais moderno parque de geração a gás da América Latina, reforçando o papel do gás natural como combustível fundamental para a transição energética”, destaca o Planalto.

Ainda estiveram presentes no ato os ministros Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Renan Filho (Transportes) e Márcia Lopes (Mulheres).

GNA. Foto: Ricardo Stuckert / PR

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Last Update: 28/07/2025