O Brasil deve evitar conflitos com os Estados Unidos, indicou nesta segunda-feira 20 o presidente Lula (PT), que refletiu sobre a relação entre os dois países na abertura de uma reunião ministerial na Granja do Torto. O encontro ocorre no dia da posse de Donald Trump para seu segundo mandato na Casa Branca.

“Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial”, iniciou Lula, em referência aos alertas da comunidade internacional a respeito da volta do republicano. 

“O Trump foi eleito para governar os Estados Unidos e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os Estados Unidos continuem a ser o parceiro histórico que são do Brasil.”

O presidente pontuou que não pretende ter conflitos com potências mundiais e com vizinhos, como a Venezuela.

“Da nossa parte, não queremos briga nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia, nem com a Rússia”, listou. “Nós queremos paz, harmonia, ter uma relação onde a diplomacia seja a coisa mais importante, e não a desavença, a encrenca.”

Resta saber se o perfil moderado de Lula prevalecerá em um contexto geopolítico cujas tensões se agravam e no qual os líderes são mais reticentes a essa harmonia.

Recentemente, Trump decidiu atacar a aliança entre o Brasil e outros países do que chamado Sul Global, a partir do BRICS. Ciente da força crescente da China no comércio global, o republicano ameaçou aumentar a taxação sobre produtos oriundos dos países do grupo. 

Como o conflito direto com Trump se mostra uma alternativa pouco frutífera, a diplomacia brasileira busca meios de ressaltar a necessidade de colaboração. No início de janeiro, o negociador-chefe brasileiro para o BRICS, Eduardo Saboia, firmou posição no sentido de que o bloco tem como foco “a colaboração e a construção de um mundo melhor”, ao fazer referência à volta de Trump ao poder. 

Mauro Vieira, o chefe da diplomacia brasileira, também já deu a entender que as relações entre Lula e Trump devem ser pacíficas. “Lula e Trump não se conhecem, mas tenho certeza de que se entenderão bem, sobretudo porque ambos são nacionalistas, defendem os interesses de seus países”, disse em dezembro o chanceler, em entrevista a CartaCapital.

Posse de Trump

Potenciais representantes brasileiros na posse de Trump não faltaram. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o mais entusiasmado dos candidatos, mas, como está com o passaporte retido por ordem da Justiça, não pode sair do País.

Lula, por sua vez, não irá à posse. O mandatário brasileiro não recebeu convite do corpo diplomático norte-americano, o que é uma prática comum: habitualmente, os EUA não abrem os eventos de posse presidencial a um grande grupo de lideranças globais. 

Para o evento desta segunda, o País será representado oficialmente pela embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti. Ela ocupa a função desde 2023.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 20/01/2025