do Vermelho

Luisa González denuncia risco de morte a dois dias do segundo turno no Equador

por Lucas Toth

A dois dias do segundo turno presidencial no Equador, a candidata de esquerda Luisa González, do movimento Revolução Cidadã, denunciou publicamente uma possível ameaça à sua integridade física. Em vídeo divulgado na madrugada desta sexta-feira (11), González afirmou que o governo de Daniel Noboa ordenou a substituição abrupta de sua equipe de segurança das Forças Armadas, sem explicações, mesmo diante de investigações em curso sobre supostos atentados contra sua vida.

“Denuncio com total firmeza esta decisão irresponsável, temerária e profundamente perigosa, que de maneira deliberada foi tomada por ordem de Daniel Noboa, do ministro da Defesa e do chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas”, declarou González. Segundo a candidata, o esquema de proteção havia sido montado em resposta a ameaças anteriores, atualmente sob análise da Promotoria Geral do Estado.

González exigiu que os militares responsáveis por sua segurança sejam mantidos até a proclamação dos resultados oficiais do pleito, marcado para este domingo (13). “Não estamos falando de um favor, mas de uma responsabilidade histórica”, afirmou. “O medo é seu, senhor Noboa. A esperança é nossa”, concluiu.

Precedente violento e cenário de alta tensão

A denúncia acende um alerta no país, que vive um dos períodos mais violentos de sua história recente. Nas eleições antecipadas de 2023, o então candidato Fernando Villavicencio foi assassinado a tiros durante um comício em Quito. Desde então, mais de 30 lideranças políticas, autoridades judiciais e jornalistas foram mortos. O Ministério do Interior contabilizou mais de 1.500 homicídios apenas nos dois primeiros meses de 2025 — uma média de um assassinato por hora.

O clima de instabilidade também é alimentado por denúncias de arbitrariedades institucionais. Em manifesto divulgado nesta sexta, organizações populares e coletivos sociais afirmam que há “falta de garantias democráticas para as eleições de 13 de abril”. O texto aponta “decisões arbitrárias” do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), como a proibição do uso de celulares durante a votação, medida que, segundo os movimentos, prejudica a fiscalização cidadã e favorece a desinformação.

Campanha marcada por radicalização e medo

A reta final da campanha tem sido marcada pela polarização e pela disseminação de fake news, especialmente por parte do presidente Daniel Noboa. Em sua conta no X (antigo Twitter), Noboa publicou recentemente ataques contra Luisa González e o governo da Venezuela, associando ambos ao narcotráfico. As declarações vieram após críticas à presença no país de Erik Prince, fundador da empresa militar privada Blackwater, envolvida em escândalos de violação de direitos humanos no Iraque.

González, por sua vez, classificou a chegada de Prince como um desrespeito às Forças Armadas do Equador. Sua campanha tem proposto uma abordagem alternativa à segurança pública, que combine ampliação do efetivo policial com medidas sociais para prevenir o recrutamento de jovens pelas facções criminosas.

O segundo turno ocorrerá neste domingo (13), com um cenário de forte tensão. Pesquisas apontam empate técnico entre os dois candidatos. Mais de 13,7 milhões de equatorianos estão aptos a votar. Se eleita, Luisa González será a primeira mulher presidente do país.

Leia também:

Acompanhe as últimas notícias:

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 12/04/2025