A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe) promoveu, na última sexta-feira (14), o evento “Lava Jato e a luta pela Democracia”, ocasião que contou ainda com o lançamento do livro “A conspiração Lava Jato: o jogo político que comprometeu o futuro do país”, do jornalista Luís Nassif.

Nassif explicou que a operação que levou o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o desfecho de um processo iniciado em 2005, a partir de uma conjugação de mudanças estruturais no Brasil e no mundo.

“No livro eu tento trazer esse conjunto grande de fatores. Não é apenas uma operação que surge do nada. Vocês imaginam um juiz com a mediocridade do Sergio Moro conseguir quebrar um país? Não é mérito dele. Teve toda uma preparação antes”, apontou o jornalista.

Entre as explicações que levaram o avanço da Lava Jato estão as mudanças tecnológicas, tendo em vista o início da Era Digital. Como consequência, o mercado de notícias e opinião foi amplamente impactado, especialmente pela criação de espaços em que se publica “todo tipo de conspiração”.

Tais mudanças também geraram uma crise no modelo de negócios da mídia, que passou a criar outras formas de faturamento. Entre eles estão a realização de seminários e a ampliação de modelos de assinatura.

Assim, a partir de 2005, tem início uma guerra cultural das mídias, em que alguns líderes passaram a se ver como donos de partidos.

“Soltam notícias inverossímeis e aquilo se espalhava pelas redes sociais. Esse modelo vai até 2009, criando um jornalismo de ódio, que espalha o ódio em todo o espaço brasileiro”, continua o jornalista, que lembrou que em 2008, o Mensalão foi a maior manipulação jurídica da história.

Resistência

Apesar deste cenário, existem alternativas para que possamos não só resgatar a imagem do país, mas também criar mecanismos para aprofundar a democracia no Brasil.

Para Nassif, é preciso “recriar um sonho”. “O Brasil tem um país pujante nas universidades, na ciência, na tecnologia, na inovação, tem um país que tem um Sergio Rezende [secretário-geral da 5ª CNCTI], que na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação mostra que tem um país que não aparece.”

Entre as oportunidades de salto desenvolvimentista para o Brasil está a transição energética, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“O Haddad tem um programa que ele está tocando, a Nova Indústria Brasileira, junto com as pesquisas que ocorrem no âmbito acadêmico. A civilização depende do quê? depende do ambiente acadêmico, depende das universidades. Nós somos a resistência”, emenda o jornalista.

Luís Nassif citou ainda um estudo americano que aponta que a forma de salvar democracias é o aprofundamento delas, a partir de experiências que foram encontradas no Brasil, como a participação social, conselhos de participação e estudos.

“Nós temos estruturas que pegam o Brasil inteiro. Temos o Sistema S, cooperativismo, temos os sindicatos, temos o MST, temos a frente agrária, temos o Banco do Brasil, Caixa Econômica, Correios. Estruturas inigualáveis”, acrescentou o jornalista.

Por fim, para que os diferenciais brasileiros virem um projeto de país, Nassif ressalta a importância da criação de grupos de trabalho, pois o país conta com profissionais de alto nível e com capacidade de planejamento em todas as áreas do setor público.

“Lula precisa trazer um sistema de trabalho integrado, trazer os melhores técnicos e dar liberdade de atuação. Porque ele conseguindo recriar o futuro, ele ganha força política para enfrentar o Centrão, no momento em que o supremo está a favor da democracia”, concluiu o jornalista, que nutre a esperança de que o presidente da República volte a ser o Lula de 2008/ 2010.

Veja o debate na íntegra:

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Last Update: 15/02/2025