O Brasil alcançou um marco histórico em investimentos em ciência e tecnologia, com mais de R$ 26,3 bilhões contratados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) desde janeiro de 2023. Foi a principal notícia trazida nesta quarta (18) pela ministra Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação, durante entrevista concedida ao programa Bom Dia, Ministra, da TV Brasil.
O montante supera os valores somados de 2020 a 2022, quando o total não ultrapassou R$ 10,5 bilhões. Segundo a ministra, alcançar esta marca só foi possível devido à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de liberar integralmente os recursos do FNDCT, que haviam sido contingenciados até 2026 pelo governo anterior.
“Nós alocamos esse investimento em dez programas. Só foi possível bater esses recordes graças a uma decisão do presidente Lula, já no ano passado, de fazer a reintegração completa do nosso fundo, porque o governo anterior tinha contingenciado recursos até 2026 através de medida provisória”, afirmou.
“Alocamos esse investimento em dez programas, que vão do combate à fome, passando pela transição energética, transformação digital, Pró-Amazônia, recuperação de acervos, sejam eles científicos, e a novidade é que nós também acrescentamos acervos culturais. Também na transformação digital, inclui o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial”, explicou a ministra.
Os avanços sinalizam um novo momento para a ciência no Brasil, que busca consolidar sua liderança global em áreas estratégicas, como inteligência artificial e sustentabilidade. Luciana Santos ressaltou o compromisso do governo com a soberania científica e tecnológica, afirmando que os recordes alcançados são apenas o começo de uma nova fase para o setor.
Investimentos para a Amazônia
Entre os destaques está o Programa Pró-Amazônia, que recebeu R$ 3,4 bilhões. O objetivo é promover a bioeconomia e gerar conhecimento sobre a sociobiodiversidade da região, articulando iniciativas locais para beneficiar diretamente as populações amazônicas. “Queremos que a riqueza da biodiversidade amazônica sirva ao seu povo, contribuindo para a transição energética e o compromisso do Brasil em reduzir as emissões de gases do efeito estufa”, explicou a ministra.
O governo também avança no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), com previsão de R$ 23 bilhões em investimentos até 2028. O PBIA, lançado em julho, é dividido em cinco eixos principais, incluindo infraestrutura tecnológica e formação de profissionais. Entre as iniciativas está a expansão do supercomputador Santos Dumont, que se tornará um dos cinco mais potentes do mundo. O equipamento atenderá tanto centros de pesquisa quanto a iniciativa privada e será alimentado por energia renovável.
“Estamos criando uma rede de data centers e investindo na formação de desenvolvedores de software para evitar um déficit de até 500 mil profissionais na área”, disse a ministra. Luciana Santos também destacou a importância de desenvolver modelos de IA que preservem a soberania dos dados brasileiros. “Nosso objetivo é garantir que as informações do SUS, da Embrapa e da produção científica nacional permaneçam sob controle do Estado brasileiro”, reforçou.
Inclusão feminina na ciência
Outro foco do ministério é incentivar a inclusão de mulheres na ciência e tecnologia. O edital Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação destinará R$ 100 milhões a projetos que promovam a permanência de meninas e mulheres em carreiras científicas, desde a educação básica até o doutorado. Já o edital Atlânticas busca ampliar a presença de mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas na ciência, com um investimento de R$ 6 milhões para bolsas no exterior.
“Apesar de sermos maioria nas universidades e nas bolsas de iniciação científica, essa presença cai drasticamente nos níveis mais altos das carreiras acadêmicas. Estamos ajustando as regras do CNPq para corrigir essas desigualdades e garantir que as mulheres possam conciliar suas carreiras com demandas familiares”, concluiu a ministra.