Em novembro de 2023, Gabriel Silva foi preso pela Polícia Federal em São Paulo, no Aeroporto de Guarulhos, após retornar de uma viagem ao Líbano. O que parecia ser apenas o início de um processo judicial, rapidamente se transformou em um emblemático caso de perseguição política e violação dos direitos civis no Brasil a mando dos sionistas. Já se passaram 382 dias desde a sua prisão, e o caso de Gabriel continua sem uma prova sequer da validade das acusações, assim como não há transparência do processo ou respeito aos direitos fundamentais.
Gabriel Silva foi detido pouco após as ações militares do Hamas contra a força de ocupação, logo após seu retorno do Líbano, um país que se encontra no centro da guerra de libertação nacional Palestina justamente pelo grupo libanês Hesbolá – que recentemente obteve mais uma vitória sobre “Israel”. A prisão ocorreu no contexto da Operação Trapiche, uma ação policial que, segundo as autoridades, visava desmantelar uma rede de recrutamento e planejamento de atos terroristas no Brasil.
Segundo a acusação, Silva teria cometido o crime de realizar pesquisas sobre locais como sinagogas, cemitérios e embaixadas. Além disso, o homem é acusado de se envolver em “planejamentos relacionados ao Hamas” e de ter se encontrado com um suposto membro do Hesbolá – partido político que faz parte do governo libanês e que não é considerado terrorista pelo Brasil -, identificado como Mohamad Khir Abdulmajid. Essas acusações, entretanto, foram rapidamente contestadas por especialistas, advogados e qualquer um com a cabeça no lugar, que apontaram a falta de provas substanciais e questionaram a própria natureza das ações atribuídas ao homem.
Como é possível acusar alguém de terrorismo por pesquisar na internet ou fazer compras em lojas que vendem equipamentos de comunicação, como um walkie-talkie, sem evidências de envolvimento em atividades ilícitas? O caso é mais uma tentativa de criminalizar o exercício de liberdades individuais básicas, sob a alegação infundada de que tais ações são constitutivas de uma preparação para ações terroristas, além de se provar uma subserviência das instituições brasileiras à ditadura sionista.
O que mais impressiona neste caso é o longo período de prisão preventiva enfrentado por Gabriel Silva. Em um processo que deveria ser célere e dentro dos parâmetros da justiça, ele permaneceu preso por quase um ano sem um julgamento formal.
Apenas em setembro de 2024, um ano depois de sua detenção, o caso de Gabriel Silva finalmente foi levado a julgamento, após uma longa espera que reflete a intenção de prolongar sua prisão sem qualquer justificativa plausível. Ou seja, ele ficou 382 dias preso sem sequer ter sido julgado.
O motivo? A resposta está na crescente pressão imperialista e nas informações relacionadas a serviços de inteligência do imperialismo como o Mossad (agência do serviço secreto israelense), que teria influenciado diretamente as autoridades brasileiras na prisão de Silva.
A atuação de serviços secretos estrangeiros em países soberanos, com o objetivo de influenciar ou pressionar decisões judiciais, não é uma novidade no cenário global. O uso de informações de inteligência para moldar decisões dentro de um sistema judicial independente configura uma grave violação dos princípios da soberania nacional e do próprio Estado de Direito, o qual a esquerda pequeno-burguesa tanto bate no peito para defender.
A prisão de Silva, sem julgamento por tanto tempo, levanta sérias questões sobre a independência do sistema judiciário brasileiro e sobre a manipulação da justiça em favor dos interesses sionistas. É fundamental compreender a gravidade do que está em jogo no caso de Gabriel Silva.
O simples fato de realizar uma pesquisa sobre um tema polêmico ou de viajar para um país como o Líbano – onde há uma grande comunidade de imigrantes e conexões com o Hesbolá – não é, por si só, evidência de envolvimento com atividade terrorista alguma. A acusação de que Silva estaria envolvido em um “planejamento relacionado ao conflito Israel-Hamas”, como afirma a sentença, é vaga, imprecisa e carece de qualquer base factual sólida.
Ao manter uma pessoa presa por tanto tempo sem julgamento, sem provas de envolvimento em crimes, sem evidências de que ele tenha planejado ou executado qualquer ato de violência, o sistema de justiça está colocando em xeque o direito individual de qualquer cidadão brasileiro. Se assim for do desejo de “Israel”, qualquer um poderá ser alvo da PF.
O longo período de detenção sem julgamento é uma violação dos direitos humanos e um sinal claro de que a prisão de Gabriel Silva não tem como base a justiça, mas sim a criminalização de um cidadão por suas opiniões e, principalmente, por confrontar de alguma forma os interesses do imperialismo. O tratamento do Estado brasileiro ao caso é uma demonstração importante sobre a total dependência do sistema judiciário brasileiro, de sua subserviência à CIA e ao Mossad, como já denunciou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. Enquanto a justiça não for feita, a mobilização em defesa da sua liberdade deve continuar, sem descanso, até que ele seja libertado.