Por Luís Carlos e Maria Fernanda
O número 806, na Alameda Nothmann, na região central de São Paulo (SP), é onde está situada a casa de duas organizações que celebraram neste sábado (24) suas trajetórias afinadas no mesmo projeto político e visão de mundo. Com música, debate, gastronomia e atividades lúdicas, a festa marcou os 14 anos da livraria Expressão Popular e os oito anos da unidade do Armazém do Campo, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na capital paulista.
O coordenador editorial da Expressão Popular, Miguel Yoshida, destacou as relações entre a comida saudável e a construção do conhecimento no local. “É um espaço cultural que trabalha tanto o campo das ideias, com os nossos livros e de outras editoras, quanto também a questão da alimentação saudável. É um pouco a prática que queremos construir no Brasil, sem agrotóxicos, com alimentação saudável, baseado na produção da agricultura familiar e com as ideias que também pensam um projeto de sociedade diferente do que nós estamos vivendo hoje”, enfatizou.
A festa, aberta ao público e gratuita, contou com a participação de figuras renomadas como a arquiteta Ermínia Maricato, a deputada Luiza Erundina, o economista Ladislau Dowbor e o urbanista João Whitaker, que discutiram a “Crise Urbana e as Gestões Democráticas e Populares”.
O grupo Miltrens fez um tributo ao Clube da Esquina e a Milton Nascimento, seguido pelo Partido do Samba, que encerrou as comemorações. A programação do evento incluiu um almoço tipicamente nordestino, além de apresentações musicais que animaram a tarde.
A chef Dona Carmem Virgínia compartilhou uma culinária tipicamente pernambucana no espaço e destacou a relação entre saberes e sabores para se destacar a importância da reforma agrária e do MST. “Esse espaço aqui combate o empobrecimento do saber de parte da população brasileira. Muitas pessoas não sabem o quanto é importante o Movimento [MST], e não têm ideia do quanto que eles [agricultores e agricultoras] plantam, o quanto que eles trazem para a nossa mesa”, afirmou.
O coordenador administrativo do Armazém do Campo, Rafael Coelho, destacou a importância do projeto iniciado há oito anos. “Nós começamos com o sonho de democratizar o acesso à alimentação saudável, com produtos vindos da agricultura familiar e da reforma agrária. Hoje, estamos em um espaço maior e mais acolhedor, oferecendo uma diversidade cada vez maior de produtos saudáveis”, disse. Coelho também enfatizou a relevância de fornecer alimentos saudáveis e acessíveis em uma cidade como São Paulo, onde muitos ainda sofrem com a falta de refeições diárias.
João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, reforçou a vocação do espaço como um local de encontro e fortalecimento da militância popular: “É uma combinação perfeita para a cidade de São Paulo. Tem a cara de São Paulo, tem a cara da nossa esquerda. E por isso, nós não podemos deixar passar essas datas sem celebrar”, ressaltou.
Edição: Geisa Marques/ Brasil de Fato