A Secretaria Municipal de Educação de Conselheiro Lafaiete, cidade localizada no centro de Minas Gerais, suspendeu a utilização da obra “O menino marrom”, de Ziraldo, nas salas de aula do município. A medida gerou protestos dos professores.
A suspensão ocorreu após a reclamação de pais de alunos, que consideram o conteúdo da obra “agressivo”.
Escrito em 1986, o livro conta a história de dois amigos, um negro e um branco, que buscam entender juntos as cores. Na narrativa, eles buscam entender o que é branco e o que é preto e se isso os torna diferentes.
Pais do município consideraram violenta uma cena em que os garotos fazem referência a um pacto de sangue, que não acontece. “Um deles foi até a cozinha buscar uma faca de ponta para furar os pulsos e misturar o sangue dos amigos eternos”, diz o livro.
Os dois não se animam a tomar o método drástico, no entanto, e o silêncio de ambos é interrompido por uma pergunta. “Não tem um alfinete?” Mais uma vez sem coragem, no entanto, a dupla opta por afundar seus dedos num pote de tinta.
Em outra cena questionada pelos pais, o menino marrom diz que quer que uma senhora seja atropelada para o amigo após ela não aceitar sua ajuda para atravessar a rua.
A prefeitura disse que o livro de Ziraldo “é um recurso valioso na educação, pois promove discussões importantes sobre respeito às diferenças e igualdade” e “aborda de forma sensível e poética temas como diversidade racial, preconceito e amizade”.
No entanto, “diante das diversas manifestações e divergência de opiniões”, a Secretaria Municipal de Educação solicitou a suspensão temporária dos trabalhos realizados sobre a obra, “a fim de melhor readequação da abordagem pedagógica, evitando assim interpretações equivocadas”.