A Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI), organização da qual faz parte o PSTU, publicou, neste dia 28, um manifesto de 1º de Maio chamado Neste 1º de Maio: Em defesa do internacionalismo proletário! Viva as resistências palestina e ucraniana!. A defesa da “resistência ucraniana” e sua comparação com a Palestina já no título mostra que estamos diante de uma defesa confusa do imperialismo.

A pretexto de ser contra o imperialismo, a LIT se coloca ao lado do… imperialismo:

“Também temos países que foram Estados operários burocratizados no passado, como a China e a Rússia, que hoje não são apenas capitalistas, mas imperialistas. A maioria dos partidos reformistas em todo o mundo continua reivindicando a China como ‘socialista’ e a Rússia de Putin como ‘anti-imperialista’.

Da mesma forma, as ditaduras burguesas de Cuba, Venezuela e Nicarágua não têm nada de socialistas, nem de anti-imperialistas. São ditaduras a serviço das novas burguesias surgidas desses Estados, que reprimem duramente os trabalhadores desses países.”

Poderíamos resumir a ideia da seguinte forma: todos são burgueses; se são burgueses, ninguém presta e são todos iguais. Dos superpoderosos Estados Unidos até a miserável Nicarágua, é tudo a mesma coisa.

Essa ideia, além de infantil, acaba jogando a organização nos braços do imperialismo – e não é o de mentirinha.

É infantil porque ignora as contradições existentes no mundo. Por exemplo, todos os governos citados — Rússia, China, Cuba, Venezuela, Nicarágua — estão em conflito aberto com os interesses do imperialismo europeu e norte-americano. A LIT não explica o que isso significa, na verdade, ignora que haja tal conflito, justamente porque assim não precisa ter uma política correta diante da situação. Basta dizer que ninguém presta. Tal organização, que se diz trotskista, se comporta como o mais juvenil dos anarquistas.

Não tendo uma política, a LIT pode espernear à vontade, gritar, dizer que é contra o imperialismo — que, no fim das contas, acabará caindo na caçapa dos mais poderosos. Acusar a Rússia e a China de serem imperialistas e Cuba, Venezuela e Nicarágua de serem ditaduras serve apenas para disfarçar esse fato.

Vejamos o caso da Ucrânia, por exemplo. A LIT diz apoiar a “resistência ucraniana” sob o pretexto de que a Rússia é uma agressora imperialista. Mas como explicar que o imperialismo europeu e norte-americano são os financiadores dessa guerra, fornecendo apoio ao regime de Zelensqui? Mesmo se fosse verdadeira a afirmação de que a Rússia é imperialista, a LIT ainda estaria simplesmente tomando uma posição pró-imperialista ao apoiar o regime ucraniano, um títere do imperialismo. Nesse caso, considerando verdadeira a ideia absurda de que a Rússia é imperialista, a posição correta de um partido que se diz trotskista seria então a de neutralidade, já que não se deve ficar de nenhum lado imperialista. A LIT, ao contrário, optou, segundo a ideia dela mesma, pelo lado do imperialismo mais forte: o norte-americano.

O que ocorre, no entanto, é muito mais grave. A Rússia não é um país imperialista, mas um país oprimido que está tomando uma medida defensiva contra uma agressão provocada pelo imperialismo. Ao atacar a Rússia, a posição da LIT é vergonhosamente pró-imperialista; para sermos ainda mais concretos, a posição da organização do PSTU é pró-OTAN. Tudo pode piorar se lembrarmos que o regime ucraniano é formado por grupos nazistas. Nada mal para um partido que se diz revolucionário…

No caso da China, a LIT comete a mesma barbeiragem política:

“A competição entre os EUA e a China leva grande parte dos partidos reformistas do mundo a apoiar esta última contra o odiado imperialismo norte-americano, como se fosse ‘progressista’. Não existe imperialismo progressista. O imperialismo chinês se apoia em uma ditadura capitalista feroz que impõe salários muito baixos e uma repressão muito dura sobre o proletariado chinês. O imperialismo chinês explora diretamente partes importantes do mundo, particularmente na Ásia e na África, mas também se expande para a Europa e a América Latina.”

Realmente, não existe imperialismo progressista, mas a China não é imperialista. A LIT confunde o desenvolvimento capitalista chinês com imperialismo — uma confusão elementar. Não basta um país ser rico para se tornar imperialista. O clube dos países imperialistas já se fechou há muito tempo. A China disputa o mercado em condições muito desiguais, justamente porque ela não dispõe do poder político dos países imperialistas; por isso, enfrenta enormes dificuldades para se instalar nos diversos países.

O 1º de Maio é um dia de luta para lembrar as reivindicações dos trabalhadores. A LIT transformou a data num dia para reforçar todas as calúnias do imperialismo contra os povos oprimidos: Rússia e China são imperialistas malvados; Cuba, Venezuela, Nicarágua e Irã são ditaduras.

Os que se apregoam discípulos de Trótski e Lênin não sabem o fundamental: que o imperialismo é o inimigo principal da classe operária. Falar em luta dos trabalhadores sem uma política clara contra o imperialismo é, no melhor dos casos, pura retórica demagógica. O que a LIT/PSTU está fazendo é se colocar do lado dos maiores inimigos dos povos do mundo.

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Last Update: 29/04/2025