O 1º de maio é um dia de luta para os trabalhadores de todo o mundo. Mas em muitos lugares as burocracias sindicais e os partidos reformistas tentam transformar o 1º de maio em um dia de confraternização com a burguesia e seus governos.
Os trabalhadores não têm nada a comemorar em um mundo em que se aceleram os sinais da barbárie capitalista. É necessário recuperar a tradição do 1º de Maio, cuja origem foi uma dura luta em 1886 contra a burguesia, em defesa da jornada de oito horas.
Hoje, a luta é contra o crescente desemprego, os salários de miséria e a brutal precarização que vivemos, em que ter um emprego não garante uma vida digna, e a imensa maioria não tem emprego fixo, nem férias, nem aposentadoria.
Contra a barbárie sionista do genocídio em Gaza ou a invasão e ocupação imperialista de Putin à Ucrânia. Contra a crescente violência contra as mulheres, pessoas LGBTQIs, negros, migrantes ou indígenas. Contra a catástrofe ambiental, que está levando a superar vários pontos de não retorno na destruição da natureza.
Confira
Lista dos atos do 1º de Maio por todo o país
A miséria à qual todos os governos burgueses nos condenam
O capitalismo vive uma crise crescente desde a recessão de 2007-09. Isso se agrava com a disputa entre o imperialismo hegemônico dos EUA e o imperialismo emergente chinês. Os planos econômicos dos governos para enfrentar essa crise e a forte concorrência são cada vez mais duros contra os trabalhadores e contra a natureza. É isso que determina o crescimento dos sinais de barbárie no mundo.
Esses planos econômicos são aplicados tanto pelos governos de extrema direita quanto pelos governos dirigidos por partidos liberais e de conciliação de classes.
De um lado, temos governos de extrema direita como Trump, Meloni (Itália) e Orbán (Hungria) na Europa, bem como Bukele (El Salvador), Milei (Argentina) e Noboa (Equador) na América Latina, além de Modi (Índia) e Erdogan (Turquia).
Mas planos econômicos muito semelhantes também são aplicados por governos burgueses com participação de partidos reformistas, como é o caso de Sánchez na Espanha, bem como Lula no Brasil, Boric (Chile), Petro (Colômbia) na América Latina.
Os partidos reformistas dizem que os governos de extrema direita são “fascistas” para justificar seus próprios planos de aliança com as burguesias e também aplicar planos neoliberais quando chegam ao governo.
Também temos países que foram Estados operários burocratizados no passado, como a China e a Rússia, que hoje não são apenas capitalistas, mas imperialistas. A maioria dos partidos reformistas em todo o mundo continua reivindicando a China como “socialista” e a Rússia de Putin como “anti-imperialista”.
Da mesma forma, as ditaduras burguesas de Cuba, Venezuela e Nicarágua não têm nada de socialistas, nem de anti-imperialistas. São ditaduras a serviço das novas burguesias surgidas desses Estados, que reprimem duramente os trabalhadores desses países.
Não existe um imperialismo “progressista”
Trump é hoje a face mais repulsiva do imperialismo mundial. Ele expressa a decadência do imperialismo norte-americano com a imposição de altas tarifas e seu confronto com o imperialismo chinês emergente. Longe vão os tempos em que o próprio imperialismo falava de “livre comércio” para impor suas mercadorias. Com sua guerra tarifária, Trump está agravando a crise econômica mundial, em uma espiral descendente que pode levar a uma nova recessão internacional.
As medidas da burguesia e dos governos a seu serviço para tentar sair da crise se expressarão em ataques ainda mais duros contra os trabalhadores e em uma maior submissão e pilhagem dos países semicoloniais.
A competição entre os EUA e a China leva grande parte dos partidos reformistas do mundo a apoiar esta última contra o odiado imperialismo norte-americano, como se fosse “progressista”. Não existe imperialismo progressista. O imperialismo chinês se apoia em uma ditadura capitalista feroz que impõe salários muito baixos e uma repressão muito dura sobre o proletariado chinês. O imperialismo chinês explora diretamente partes importantes do mundo, particularmente na Ásia e na África, mas também se expande para a Europa e a América Latina.
E o imperialismo russo baseia seu domínio na ditadura de Putin e na pilhagem e pressão militar em toda a região da Eurásia e do Cáucaso da ex-URSS, sustentando regimes ditatoriais como o de Lukashenko e outros. Ele até estendeu sua garra sobre o Oriente Médio, sustentando durante uma década a sinistra ditadura de Assad na Síria. E suas tropas mercenárias também são o sustento de várias ditaduras ferozes na África.
A disputa interimperialista também está levando a uma nova corrida armamentista, com os governos imperialistas destinando uma parte maior de seus orçamentos aos gastos militares. Dinheiro que deveria ser destinado à educação, à saúde, à atenção às necessidades sociais ou a mais medidas para frear as mudanças climáticas, e não à fabricação e compra de mais armas.
O proletariado mundial, em sua luta e organização, precisa recuperar sua independência política frente a todos os setores da burguesia, seja a que está envolvida com os governos de extrema direita, seja a que constitui a base dos governos liberais e de conciliação de classes. Da mesma forma, é preciso construir a independência e a solidariedade operária, também no terreno internacional, sem apoiar um imperialismo contra outro.
As massas resistem e se levantam
A crescente polarização econômica, social e política atual está provocando explosões do movimento de massas em várias partes do mundo. As revoltas no Sri Lanka e em Bangladesh em 2023-24, as grandes greves operárias que abalaram a Inglaterra em 2022, as mobilizações contra Macron por sua reforma trabalhista na França em 2023, as greves e grandes mobilizações atuais contra Milei na Argentina, as gigantescas lutas contra o governo de Erdogan na Turquia ou a primeira grande mobilização contra Trump nos Estados Unidos indicam que se aproxima um processo convulso, de agudização da luta de classes.
Ao contrário do que costumam afirmar os partidos reformistas, o mundo atual não se caracteriza apenas pelo avanço da contrarrevolução, mas por uma polarização crescente entre revolução e contrarrevolução, na qual é fundamental superar a fraqueza das direções revolucionárias.
A resistência continua na Palestina
O genocídio sionista foi retomado, após a ruptura do cessar-fogo por parte de Netanyahu. O governo israelense retomou os corredores de Netzarin e Filadelfia e está aplicando seu plano de destruir completamente as casas e as infraestruturas de Gaza e expulsar o povo palestino. Além disso, mantém a ocupação parcial do sul do Líbano e partes da Síria. Conta com todo o apoio de Trump, que já expressou seu projeto de expulsão definitiva dos palestinos de Gaza.
Também com a cumplicidade do imperialismo europeu e dos governos árabes da região, bem como do imperialismo russo e chinês. O Irã está mais interessado em negociar um acordo nuclear com Trump do que em apoiar efetivamente a luta palestina.
Existe uma crescente repressão dos governos burgueses do mundo contra os ativistas pró-palestinos. A detenção de Mahmoud Khalil pelo governo Trump nos Estados Unidos é um símbolo de um ataque mais amplo que também está ocorrendo em muitos outros países.
No entanto, a resistência palestina não está derrotada. As cerimônias de libertação dos reféns israelenses que ocorreram em Gaza mostram ao mundo, mais uma vez, que a luta justa, digna e heroica do povo palestino continua, mesmo após 80 mil mortos e mais de 70% das casas destruídas.
Israel não consegue estabilizar seu domínio territorial e nem mesmo conseguiu resgatar todos os reféns israelenses, apesar de sua brutal superioridade militar.
Hoje, o genocídio israelense é mais repudiado em todo o mundo do que em qualquer outro momento da história, apesar do apoio ao sionismo por parte dos governos burgueses e de grande parte da mídia mundial.
A combinação da resistência militar palestina com a solidariedade mundial, aliada a uma nova primavera árabe contra os governos cúmplices da região e uma nova intifada, é o que pode levar à vitória palestina e à destruição do Estado genocida de Israel.
Neste 1º de maio, convocamos ao apoio e à solidariedade com a luta do povo palestino! Armas para a resistência palestina! Palestina livre, do rio ao mar! Por uma revolução socialista na região que avance para uma Federação Socialista dos países árabes!
Viva a resistência ucraniana!
Mesmo após três anos da invasão russa, com o “segundo exército mais poderoso do mundo”, a heroica resistência ucraniana continua. Apesar dos constantes bombardeios e ataques com mísseis contra casas, escolas, hospitais e até parques infantis, a maior parte do povo ucraniano rejeita a capitulação diante do agressor genocida.
A proposta de “cessar-fogo” de Trump, com a qual continua chantageando o governo burguês semicolonial de Zelenski, é uma manobra para impor a capitulação da Ucrânia, sua aceitação da divisão do país e uma dominação colonial para que os Estados Unidos saqueiem suas reservas minerais, energéticas e nucleares.
Toda a hipocrisia dos partidos stalinistas que apoiaram a invasão russa em nome da “luta contra o imperialismo” agora desmorona com o apoio de Trump aos interesses e exigências do agressor Putin.
O imperialismo europeu, que não renuncia a obter sua “fatia” dessa colonização, mostra-se “solidário e compassivo” enquanto continua com sua ajuda militar gota a gota à Ucrânia e comprando gás e petróleo da Rússia, com os quais financia a máquina militar de Putin. Uma ajuda parcial e interessada com a qual impede realmente, não só qualquer ofensiva séria, mas a própria defesa antiaérea ucraniana, facilitando, na prática, milhares de mortos e feridos civis. É evidente que também quer evitar a todo custo uma vitória das massas ucranianas sobre Putin.
Não há paz com anexações! Armas para a resistência da Ucrânia! Derrota à invasão de Putin! Chamamos aos trabalhadores do mundo a cercar de solidariedade a classe operária ucraniana que enfrenta o imperialismo! Pela unidade e integridade territorial da Ucrânia! Nenhuma confiança no governo de Zelensky!
Em defesa do meio ambiente!
Hoje, a catástrofe ambiental em curso está cada vez mais presente na consciência de setores mais amplos das massas. Os desastres climáticos, como as enchentes em Valência (Espanha) e Rio Grande do Sul (Brasil), os incêndios na América Latina e em Los Angeles, as altas temperaturas, estão demonstrando as previsões sobre as quais os cientistas vêm alertando há anos.
O capitalismo está destruindo a natureza, impondo uma ruptura metabólica entre seu crescimento desenfreado e os elementos naturais. O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) indica que os últimos três anos foram os mais quentes desde a era pré-industrial. Isso ameaça a maior parte das formas de vida na Terra, porque os organismos e os ecossistemas não conseguem se adaptar a essas mudanças climáticas. Já existem vários pontos de não retorno no horizonte nas próximas décadas que, uma vez ultrapassados, determinarão retrocessos irreversíveis no meio ambiente.
Nenhuma das propostas reformistas capitalistas nas reuniões promovidas pelos governos burgueses surtiu efeito, porque não existe solução para a crise ambiental dentro do capitalismo. Isso se deve à simples razão de que o capitalismo é movido pelos lucros e sua acumulação desenfreada implica a destruição tanto da vida dos trabalhadores quanto da natureza.
Não existe uma transição energética real sob o controle dos governos imperialistas. A única forma de salvar o planeta é através de uma revolução socialista.
Todo o apoio a todas as lutas concretas em defesa do meio ambiente! Pela nacionalização sob controle dos trabalhadores de todas as indústrias poluidoras! Por uma verdadeira transição energética sob controle dos trabalhadores!
Socialismo ou barbárie!
Neste 1º de Maio, apoiamos todas as lutas dos trabalhadores por suas reivindicações de emprego e salário, bem como as lutas contra as opressões contra as mulheres, LGBTQIs, negros, imigrantes e indígenas. Lutamos pela libertação de todos os presos pelos governos burgueses por defenderem os trabalhadores!
É a unificação dessas lutas contra os governos em exercício, sejam eles de extrema direita ou de conciliação de classes, que pode levar a uma ofensiva das massas.
A barbárie está crescendo no mundo. Isso atualiza o dilema socialismo ou barbárie! Neste Primeiro de Maio, queremos propor aos ativistas das lutas de todo o mundo que defendam junto conosco uma revolução socialista, que é a única alternativa real contra a barbárie capitalista.
Somente uma revolução socialista pode abrir o caminho para a construção de outro Estado, distinto e oposto aos Estados burgueses. Um novo Estado, uma democracia operária, com democracia para a maioria – a classe trabalhadora – e repressão para a minoria – a burguesia e seus apoiadores.
Um governo dos trabalhadores que possa planejar a economia para responder às necessidades sociais, acabando assim com a fome e a miséria. Um governo operário que acabe com todas as formas de opressão. Um governo a serviço dos trabalhadores, que faça também uma revolução na produção, para conseguir a preservação e a reparação do meio ambiente.
Convidamos os ativistas que nos leem a se integrarem conosco nos partidos revolucionários da Liga Internacional dos Trabalhadores, para construir juntos o caminho para essa revolução socialista mundial que é urgente realizar, para acabar com a exploração, a opressão e a barbárie do imperialismo capitalista.