O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou nesta quarta-feira (29) a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar em um ponto percentual a taxa Selic. “Esse novo aumento de 1 ponto percentual da Selic é um desastre que pode provocar uma desaceleração excessiva da economia e terá um enorme impacto fiscal”, alertou o parlamentar. A taxa de juros aumentou de 12,25% para 13,25%, levando o Brasil a vice-líder mundial no ranking dos maiores juros reais.
Ele observou que “é inaceitável a armadilha criada por Roberto Campos Neto, que na última reunião do Copom, enquanto presidente do BC”, deixou “contratados dois aumentos de 1 ponto percentual na taxa Selic. Gabriel Galípolo não tinha muita alternativa de mudar essa rota, neste primeiro momento, sem criar uma grande crise”, disse Lindbergh em postagem nas redes sociais.
As alegações do chamado mercado de que haveria um suposto descontrole da dívida foram qualificadas por Lindbergh como “terrorismo econômico”. “O que nós estamos vivendo no Brasil é um terrorismo econômico liderado pelo mercado financeiro que todos os dias fala em “crise fiscal”, “gastança” e “descontrole das contas públicas”. A realidade não é essa!”
Esforço fiscal
O deputado, futuro líder da Bancada do PT na Câmara, frisou que o Brasil “realizou um dos maiores esforços fiscais do mundo. Nós saímos de um déficit de 2,3% do PIB, em 2023, para 0,1%, em 2024. Sabe onde tá o descontrole fiscal? Nessa taxa de juros altíssima! Cada 1 ponto percentual a mais na Selic significa cerca de R$ 55 bilhões de déficit no orçamento público”.
O deputado informou que, no acumulado de 12 meses, até novembro de 2024, o Brasil gastou mais de R$ 837 bilhões com o pagamento de juros da dívida, enquanto o déficit primário do país foi de apenas R$ 14,5 bilhões.
Para ele, o aumento da Selic tende a piorar os indicadores econômicos a médio prazo. “O aumento dos juros espreme as famílias e as empresas, mata o investimento e compromete o crescimento da economia e o aumento da renda, sem impacto significativo sobre a inflação. Precisamos superar o legado desastroso de Roberto Campos Neto”, escreveu ele.
Lindbergh também questionou a justificativa técnica para o aumento. Ele mencionou carta de Galípolo em que explicou o descumprimento da meta de inflação de 2024, que fechou em 4,83%. De acordo com o parlamentar, o principal fator foi a alta do câmbio, que impactou em 1,21 ponto percentual a inflação, enquanto o peso do “suposto sobreaquecimento da economia” foi de apenas 0,49 ponto percentual.
A decisão de aumento dos juros de 12,25% para 13,25% ao ano foi unânime dentro do Copom, fundamentada com base na instabilidade do cenário econômico externo e no descompasso entre a inflação e a meta, além do pessimismo de “agentes de mercado” quanto ao perfil da dívida pública por parte do governo.
O deputado do PT negou o descontrole e afirmou que o principal desafio da gestão de Gabriel Galípolo à frente do BC será o de superar o legado desastroso do bolsonarista Roberto Campos Netto e retomar uma política monetária que equilibre o controle da inflação com a manutenção do crescimento econômico e da geração de empregos.
Segue a íntegra da postagem de Lindbergh Farias:
Esse novo aumento de 1 ponto percentual da Selic é um desastre que pode provocar uma desaceleração excessiva da economia e terá um enorme impacto fiscal.
É inaceitável a armadilha criada por Roberto Campos Neto, que na última reunião do Copom, enquanto presidente do BC, tenha deixado contratados dois aumentos de 1 ponto percentual na taxa Selic.
Gabriel Galípolo não tinha muita alternativa de mudar essa rota, neste primeiro momento, sem criar uma grande crise. O grande desafio da nova gestão do BC é sair dessa armadilha e retomar uma política que permita conciliar o controle da inflação com a manutenção do crescimento econômico e a geração de empregos.
Não há justificativa técnica para um choque monetário dessas proporções. A própria carta enviada por Galípolo em que explica os motivos da inflação de 4,83% aponta que a principal razão do descumprimento da meta foi a alta da taxa de câmbio, que significou um aumento de 1,21 ponto percentual na composição da inflação do ano passado. O peso do suposto “sobreaquecimento da economia” foi de APENAS 0,49 ponto percentual.
O que nós estamos vivendo no Brasil é um terrorismo econômico liderado pelo mercado financeiro que todos os dias fala em “crise fiscal”, “gastança” e “descontrole das contas públicas”. A realidade não é essa!
Brasil realizou um dos maiores esforços fiscais do mundo.
Nós saímos de um déficit de 2,3% do PIB, em 2023, para 0,1%, em 2024.
Sabe onde tá o descontrole fiscal? Nessa taxa de juros altíssima! Cada 1 ponto percentual a mais na SELIC significa cerca de R$ 55 bilhões de déficit no orçamento público.
No acumulado de 12 meses, até novembro de 2024, o Brasil gastou mais de R$ 837 bilhões com o pagamento de juros da dívida, enquanto o déficit primário do país foi de apenas R$ 14,5 bilhões.
Juros altos só são bons para os rentistas. O aumento dos juros espreme as famílias e as empresas, mata o investimento e compromete o crescimento da economia e o aumento da renda, sem impacto significativo sobre a inflação. Precisamos superar o legado desastroso de Roberto Campos Neto.”
Do PT Câmara