O líder do PT também pediu a quebra do sigilo fiscal e bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro e o cancelamento do passaporte de Eduardo Bolsonaro
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (2/6), após depor na Polícia Federal sobre o inquérito que investiga o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por obstrução de justiça, que pediu aos investigadores o bloqueio das contas do ex-presidente Jair Bolsonaro. O líder entregou aos investigadores um dossiê sobre as atividades do filho de Bolsonaro nos Estados Unidos. Também ressaltou que declarações públicas do ex-presidente reconhecem que ele sustenta a cruzada do filho junto a autoridades norte-americanas para obter sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lindbergh ressaltou que, dessa forma, fica caracterizada uma clara ação de obstrução de justiça para tentar coagir o STF no julgamento da trama golpista, na qual Jair Bolsonaro e vários aliados são réus.
“Mas como ele (Eduardo Bolsonaro) se sustenta para fazer essa articulação? E foi uma declaração do próprio Jair Bolsonaro que reconheceu que por meio de uma arrecadação via PIX de R$ 17 milhões, ele sustenta Eduardo Bolsonaro lá. Na nossa avaliação, quando a gente fala de coação do Eduardo Bolsonaro no processo, ele quer proteger o pai dele e os outros envolvidos na trama golpista. É uma forma de manutenção dessa organização criminosa fora do País, tirando o crédito do STF”, acusou.
Além do bloqueio de contas, Lindbergh Farias disse que pediu também a quebra do sigilo fiscal e bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele informou que o mesmo pedido será realizado junto a Procuradoria-Geral da República.
Cancelamento do passaporte
Em relação a Eduardo Bolsonaro, o petista ressaltou que pediu o cancelamento do passaporte do deputado licenciado, além de investigação sobre a atuação do influenciador digital, Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar no Brasil (João Figueiredo). Paulo também é investigado por participar da trama golpista e reside nos Estados Unidos.
“Trouxemos vários documentos, inclusive mais de 600 manifestações do Eduardo Bolsonaro, o que para nós está caracterizado vários crimes: coação no curso do processo, obstrução de justiça e atentado violento contra o Estado Democrático de Direito. Qual a diferença do Eduardo Bolsonaro para um daqueles golpistas que depredou a Suprema Corte (no 8 de Janeiro)? É que, agora, acontece uma depredação simbólica do Supremo em uma articulação internacional para sancionar ministros do STF, o procurador-geral da República e delegados da Polícia Federal”, apontou.
Soberania Nacional
Durante a coletiva, o líder do PT ressaltou ainda que a articulação internacional de Eduardo Bolsonaro contra instituições da República brasileira, também pode ser considerado um grave atentado a soberania nacional. Ele lembrou que, em um evento de comunicação do PL (partido de Bolsonaro), o próprio ex-presidente disse que venceria uma suposta “perseguição” contra ele com a “ajuda de um país do Norte”, se referindo aos Estados Unidos.
“É algo novo o que estamos enfrentando. Por isso o ministro Alexandre de Moraes já falou sobre o Brasil ser independente, de não sermos mais uma colônia. Isso parecia termos do passado, mas agora assume uma atualidade. Nós temos um poder judiciário independente no nosso País, isso aqui não é briga PT contra Bolsonaro não. É defesa do Brasil, defesa das instituições democráticas”, enfatizou.
Assista abaixo a íntegra da entrevista coletiva:
Héber Carvalho