O líder do PT também defendeu a punição dos parlamentares que ocuparam a Mesa da Câmara, incluindo possíveis cassações e processos no Conselho de Ética
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), descartou hoje (7/8) a possibilidade de anistia para participantes dos atos golpistas de 2022 e do 8 de janeiro de 2023, classificando a pressão por votação do tema como “chantagem”, depois de a oposição de extrema-direita ter feito, entre terça-feira e quarta-feira, o “sequestro da Mesa Diretora” das duas Casas do Congresso Nacional.
Em discurso no plenário, o parlamentar acusou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro de agirem como “quintas-colunas” a serviço dos Estados Unidos e exigiu a cassação imediata do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está há meses dos Estados Unidos conspirando contra o Supremo Tribunal Federal e os interesses do Brasil, com o objetivo de livrar seu pai do julgamento em curso na Suprema Corte por conta de sua participação em uma conspiração para dar um golpe de Estado.
Brasil não é colônia
“Votar a anistia neste Parlamento é o Brasil virar colônia”, denunciou. Segundo ele, votar a anistia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar e exigir a votação da matéria “seria melhor fechar o Parlamento”. “Isso é desmoralização, é aceitar o tratamento que vocês (bolsonaristas) defendem do Brasil como colônia”, afirmou Lindbergh.
Segundo o líder do PT, os parlamentares bolsonaristas “só pensam na família Bolsonaro, sem nenhuma preocupação com o Brasil real, com os empregos, com as empresas”. E completou: “ Os senhores abandonam a bandeira brasileira, se abraçam ao Trump e defendem os interesses norte-americanos”.
Para Lindbergh, o que ocorreu na Casa nessa semana foi “um motim, um sequestro da Mesa da Câmara”, para chantagear o presidente Hugo Motta (Republicanos –PB) a pautar a anistia aos golpistas. Ele ironizou a extrema-direita, que agora finge ignorar o que aconteceu e apregoa um discurso supostamente em defesa da paz.
“O que a gente viu foi violência, agressão, essa política intolerante”, disse Lindbergh, lembrando que a última vez em que foi fechado o Congresso Nacional foi em 1977, com o chamado pacote de abril, durante a ditadura militar. Terça e quarta, com a sabotagem bolsonaristas, o Congresso brasileiro ficou paralisado.
O petista rebateu declarações de líderes da oposição de extrema-direita sobre um suposto acordo para votar a anistia e o fim do foro privilegiado. “Ou estão mentindo para sua base ou agem de má-fé. Não houve acordo”, afirmou, acusando os bolsonaristas de “venderem ilusões”.
Ataques a Moraes e interferência dos EUA
Lindbergh citou ameaças de Eduardo Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes (STF) e contra o presidente da Câmara, Hugo Mota, e do Senado, Davi Alcolumbre, vinculando-as a uma nota da Embaixada dos EUA distribuída nesta quinta-feira na qual classifica Moraes como “arquiteto da censura”. Para o deputado, o texto da missão diplomática comprova a articulação entre bolsonaristas e o governo Trump.
Sabujos dos EUA
“O Trump sabe que tem aqui uma coluna de traidores”, denunciou o líder do PT. Ele acusou a extrema-direita brasileira de ter escolhido Donald Trump, agora, como “poder moderador” do Brasil. “Nunca na história houve um grupo tão alinhado a uma potência estrangeira contra o país”, afirmou. “É muito grave: dou nome a isto como quintas-colunas, colaboracionistas, traidores do Brasil, traidores da pátria”.
Ele alertou que o Brasil está sob ataque e é preciso uma união nacional contra o movimento de sabotagem das instituições e da economia brasileira sob comando de Trump, com o apoio dos bolsonaristas traidores da pátria. Lindbergh disse que Trump, como o apoio descarado dos traidores da pátria nas fileiras bolsonaristas sente-se no direito de ameaçar não só Alexandre de Moraes, mas sim, o Brasil, “colocando uma faca no pescoço de todos os brasileiros”.
Chamado à punição
O líder do PT defendeu a punição dos deputados que ocuparam a Mesa – incluindo possíveis cassações e processos no Conselho de Ética – e alertou que os episódios desta semana significam estar havendo um “golpe continuado”. “Isso foi uma extensão do 8 de janeiro. Eles não vão parar”, disse, citando ainda o ataque bolsonaristas à sede da Polícia Federal e a preparação de uma bomba, também por seguidores de Bolsonaro, para explodir no aeroporto de Brasília, em dezembro de 2022. “Os ataques do Eduardo Bolsonaro, usando os EUA contra o Supremo, é a continuidade do dia 8 de Janeiro”.
Lindbergh frisou ser tarefa central da Câmara cassar o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro, pois tem agindo junto ao governo Trump para torpedear os interesses nacionais do Brasil. “Cotidianamente ele faz chantagem contra o Brasil. Trata-se de um sequestro, de uma ameaça a um país inteiro”, disse o líder do PT.
Lindbergh afirmou que a ocupação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado são acontecimentos extremamente graves que não podem se repetir. Por isso, reforçou que é preciso punir os promotores do sequestro dos dois plenários. Têm que ser punidos, eles não vão parar. Querem tentar o golpe de todas as formas, mas a democracia e o Brasil sairão vitoriosos”.
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Redação PT na Câmara