André Ventura, líder do Chega, promete “limpar Portugal” de imigrantes. Foto: Miguel A. Lopes/EFE/EPA

Os resultados eleitorais em Portugal revelam uma transformação assustadora no cenário político do país. O partido de extrema-direita Chega alcançou expressivos 58 deputados, equiparando-se ao tradicional Partido Socialista (PS) e confirmando uma tendência de crescimento que começou em 2019.

Esta ascensão baseia-se em um discurso anti-imigração cada vez mais normalizado na sociedade portuguesa, antes considerada um baluarte contra a onda de extrema-direita na Europa.

André Ventura, líder do Chega, transformou o que era uma força política marginal num protagonista do debate nacional. Se em 2019 o partido estreava no parlamento com apenas um deputado, agora consolida-se como terceira força política, com um crescimento impressionante de 5.700% em cinco anos.

A estratégia de colocar “os portugueses em primeiro lugar” rendeu ao partido vitórias inéditas em distritos como Faro, Beja, Portalegre e Setúbal, regiões onde questões relacionadas à imigração ganharam especial relevância.

Em 2021, André Ventura foi fotografado reproduzindo a saudação nazista. Foto: Paulo Alexandrino/Global Imagens

O impacto do Chega no cenário político português vai além dos seus próprios resultados. A Aliança Democrática (AD), coligação de centro-direita reeleita para o governo, incorporou elementos do discurso anti-imigração do Chega na sua plataforma.

O primeiro-ministro Luís Montenegro chegou a apoiar operações policiais controversas contra imigrantes, mesmo sem dados que justificassem tais ações. Esta guinada à direita da política convencional mostra como o Chega conseguiu ditar os termos do debate público.

O Partido Socialista, por sua vez, viu-se obrigado a moderar sua tradicional posição pró-imigração. Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS e candidato derrotado, tentou adaptar-se ao novo cenário defendendo “entradas controladas” de imigrantes, mas a mudança tardia de discurso não foi suficiente para evitar a perda de 20 deputados.

“São tempos duros e difíceis para a esquerda e para o Partido Socialista”, admitiu Santos, que anunciou sua saída da liderança partidária.

Ainda pendente de apuração final estão os votos dos círculos eleitorais europeu e extra-europeu (que inclui o Brasil), que elegerão mais dois deputados. Em 2024, tanto a AD quanto o Chega tiveram bom desempenho nestes círculos, o que pode alterar ligeiramente o quadro final.

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Last Update: 19/05/2025