O senador Hamilton Mourão (Republicanos) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

A ligação de Jair Bolsonaro (PL) para o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), feita antes do depoimento do general ao Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito do golpe, pode agravar a situação do ex-presidente e até levá-lo à prisão.

Na avaliação de juristas ouvidos pelo colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, ministros de tribunais superiores e magistrados federais, o contato entre Bolsonaro e Mourão compromete a credibilidade do depoimento do senador, já que pode indicar tentativa de orientação, manipulação ou até coação de uma testemunha.

O ato de ligar para uma testemunha de defesa com o objetivo de influenciar o conteúdo do depoimento pode ser interpretado como tentativa de obstrução de Justiça, de acordo com especialistas. Caso fique comprovado que Bolsonaro tentou interferir na fala de Mourão, a medida pode ser considerada criminosa.

Além disso, se for demonstrado que o senador mentiu à Corte, ele também pode ser responsabilizado por perjúrio, crime conhecido como falso testemunho.

A ligação

Na semana passada, Bolsonaro telefonou para Mourão antes de o general da reserva prestar depoimento em uma sessão comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, ocorrido na última sexta-feira (23).

Mourão confirmou ter recebido a ligação e afirmou que Bolsonaro lhe pediu para reforçar, durante a oitiva, pontos considerados importantes para a defesa. Segundo o senador, o ex-presidente solicitou que fosse enfatizado no depoimento que ele “nunca mencionou qualquer intenção de ruptura institucional”.

Se vazar meu celular, não vão encontrar nada, afirma Bolsonaro sobre ataque hacker - 25/07/2019 - Poder - Folha
Jair Bolsonaro com telefone: ex-presidente ligou para Mourão antes de o general da reserva ser ouvido em uma sessão conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução

Para advogados ligados ao ex-presidente, não houve irregularidade no contato. Segundo eles, Bolsonaro estaria no “pleno exercício de sua defesa” ao conversar com uma testemunha escolhida por ele próprio e sugerir que ressaltasse determinados pontos. Esses defensores afirmam que não houve tentativa de alterar o depoimento ou esconder provas.

A oitiva de Mourão foi realizada na última sexta-feira (23). Além de ter sido arrolado por Bolsonaro, o senador também foi indicado como testemunha de defesa pelos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, todos réus no mesmo inquérito que apura a tentativa de golpe.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 28/05/2025