Líderes da oposição estadual consideram recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra medida que autoriza uso de força pública

Os governadores do Rio, Luís Henrique (PL), do Distrito Federal, José Luís (MDB), e de Goiás, João Henrique (União Brasil). Foto: reprodução

O decreto do Ministério da Justiça que regulamenta o uso da força por policiais em todo o Brasil gerou novo conflito entre o governo federal e governadores de oposição na área de segurança pública. A medida foi anunciada em meio a episódios de abusos cometidos por policiais militares em São Paulo, conforme informações do Globo.

O texto, publicado na última terça-feira, estabelece que o uso de força letal e de armas de fogo deve ser considerado apenas como último recurso. Governadores como Luís Henrique (PL), do Rio de Janeiro, João Henrique (União Brasil), de Goiás, e José Luís (MDB), do Distrito Federal, criticaram duramente o decreto.

O ministro Ricardo Lewandowski reforçou sua insatisfação com a violência policial após o caso de uma jovem baleada na cabeça por um policial rodoviário federal na véspera de Natal, no Rio. O episódio deve acelerar a regulamentação do decreto, inicialmente prevista para ser concluída em 90 dias.

Segundo o governo federal, embora as diretrizes não sejam obrigatórias, elas funcionarão como condição para o repasse de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), especialmente para aquisição de equipamentos. O objetivo é incentivar a adesão dos 27 estados às novas regras.

Em resposta, Luís Henrique anunciou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar o decreto. “Nós do Rio vamos entrar imediatamente com uma ação no STF para cassar esse absurdo. Por fim, espero que a população cobre dos responsáveis por esse decreto quando bandidos invadirem uma residência, roubarem um carro ou assaltarem um comércio”, declarou o governador.

O decreto prevê que armas de fogo sejam utilizadas apenas em casos de risco pessoal iminente e que o uso da força física seja evitado. Para aplicar as medidas, os policiais passarão por treinamento específico.

“A força letal não pode ser a primeira reação das polícias. Só podemos usar a força letal em última instância. É preciso que a abordagem policial se dê sem qualquer discriminação contra o cidadão brasileiro”, explicou o ministro Lewandowski, que enfrenta resistência, especialmente de governadores do Sul e Sudeste, em outras pautas, como a PEC da Segurança Pública.

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O ministro Ricardo Lewandowski: o magistrado voltou a demonstrar descontentamento com ações violentas da polícia. Foto: reprodução

Embora o prazo oficial para detalhar o decreto seja de três meses, o ministro revelou que pretende antecipar a regulamentação, possivelmente ainda em janeiro. “O lamentável incidente ocorrido no Rio demonstra a importância de uma normativa federal que padronize o uso da força pelas polícias em todo o país”, afirmou Lewandowski em nota oficial.

Já João Henrique classificou o decreto como um “presente de Natal” ao crime organizado e criticou o que chamou de engessamento das forças policiais. Ele também apontou o vínculo do decreto com os repasses financeiros como uma forma de pressão.

“O decreto impõe aos estados que, caso não sigam as diretrizes do governo do PT para a segurança pública, perderão acesso aos fundos de segurança e penitenciário. Trata-se de uma chantagem explícita contra os estados, que acaba favorecendo a criminalidade”, afirmou.

Na mesma linha, José Luís, do Distrito Federal, acusou o governo federal de interferir em uma área de responsabilidade estadual. “Interferência total. Uma pena que o governo federal, ou melhor, o presidente Lula não saiba seu espaço. Quem faz segurança pública são os estados”, disse à CNN Brasil.

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