As exigências para uma liderança eficaz nas empresas mudaram de forma significativa ao longo das últimas décadas. Se, até os anos 1970, o domínio técnico era considerado o principal requisito para um bom gestor, o cenário corporativo atual exige um conjunto de competências mais amplo e integrado.
Segundo Caroline Marcon, consultora organizacional e fundadora da Marcon LC – Consultoria para Alta Liderança, a liderança do século XXI é, acima de tudo, híbrida. “Durante muito tempo, tratamos as hard skills e as soft skills como competências isoladas. Hoje, o que se espera de um líder é a integração dessas habilidades”, afirma a especialista.
De acordo com Caroline, as chamadas hybrid skills reúnem domínio técnico, sofisticação relacional, capacidade analítica e uma mentalidade de aprendizagem contínua. O objetivo é formar lideranças capazes de tomar decisões com base em dados, sem abrir mão da sensibilidade nas relações humanas.
Por que a liderança híbrida é inegociável
Para a consultora, os ambientes corporativos atuais, marcados por alta complexidade e incerteza, exigem líderes que saibam atuar com equilíbrio entre precisão técnica e empatia.
“As hybrid skills são indispensáveis porque o líder de hoje precisa tomar decisões baseadas em dados, comunicar-se com clareza mesmo em cenários ambíguos e liderar com empatia, sem comprometer a performance”, explica Caroline.
As cinco habilidades híbridas essenciais
Com base em sua experiência como consultora de alta liderança e autora do livro “O poder dos times AAA”, Caroline Marcon lista as cinco competências que devem estar no repertório de qualquer líder que queira manter relevância no mercado atual.
1. Pensamento sistêmico
Essa competência vai além da análise de eventos isolados. Segundo Caroline, trata-se de enxergar conexões entre diferentes fatos e entender como as partes impactam o todo.
2. Comunicação de alto impacto
De acordo com a especialista, comunicar-se de forma objetiva e mobilizadora é indispensável, principalmente em cenários caóticos. O líder deve ser capaz de influenciar e trazer clareza, mesmo diante de situações incertas.
3. Alfabetização de dados (Data Literacy) e decisão crítica
A combinação dessas duas competências permite que o líder interprete dados de forma eficaz e tome decisões fundamentadas. Caroline reforça que saber ler e contextualizar informações é um diferencial competitivo.
4. Inteligência emocional aplicada
A habilidade de gerenciar as próprias emoções, influenciar positivamente colegas e manter o equilíbrio emocional durante crises é um dos pilares da liderança híbrida, segundo a consultora.
5. Aprendizado contínuo e curiosidade ativa
Por fim, Caroline destaca a importância de manter uma postura de constante evolução. “O líder precisa reaprender sempre, adaptando-se às novas demandas e buscando soluções inovadoras”, afirma.
O risco da obsolescência
A consultora alerta que lideranças que ainda não desenvolveram um perfil híbrido correm risco de perder espaço no mercado.
“O futuro pertence aos líderes que conseguem transitar com fluidez entre dados e emoções, entre técnica e relacionamento, entre precisão e intuição”, finaliza Caroline Marcon.