A semana que passou foi repleta de fatos políticos na arena internacional que em alguns casos apontam para cenários ainda mais preocupantes para a humanidade. A democracia, o enfrentamento da crise climática, a ordem jurídica internacional, os direitos humanos, a saúde pública e a harmonia entre os povos num mundo globalizado estão em risco.
A maior economia e força militar do planeta sob a liderança do presidente Trump, projeta realidades distópicas ao redor do mundo. Tirante as bravatas que, ao contrário de alegadas táticas negociadoras, traduzem a real natureza do personagem, Trump vem disseminando ameaças de perversão e desestabilização até junto a alguns dos seus maiores aliados históricos. Uma conduta ao agrado da extrema direita americana e mundial, que penso não contar com o aval da maioria dos cidadãos e cidadãs dos EUA.
Tanto que a justiça americana já tem impugnado algumas ordens executivas de Trump. Mas, aqui no Brasil, para vergonha alheia, bolsonaristas liderados pelo próprio Bolsonaro & família, e o governador de São Paulo, patrocinaram gesto patético se exibindo com bonés vermelhos promovendo o MAGA. Isto, mesmo com as humilhações no tratamento dado por Trump aos brasileiros deportados, e com as ameaças já feitas ao Brasil pelo presidente americano.
As ações impiedosas contra imigrantes da América Latina, longe de revelarem estratégia demográfica de mitigação de excedente populacional, ou de combate à criminalidade, revelam, sobretudo, propósitos de higienismo racial.
Idêntica motivação deve mover o presidente Trump na insistência em se outorgar autoridade e legitimidade para se “apropriar” da Faixa de Gaza, território palestino, para transformá-lo em polo imobiliário no oriente médio, incluindo investimentos em resorts de luxo para endinheirados do planeta. Pouco importa o conteúdo deplorável subjacente à proposta. Dane-se o crime contra a humanidade e contra o Estado Palestino, ou a pretensão de limpeza étnica em um território destruído, povoado por andarilhos nômades imolados pelas reações militares desproporcionais de Israel, com o apoio dos EUA, às ações terroristas e estúpidas do Hamas.
O mundo precisa reagir em defesa desse povo humilhado pelas forças malévolas da ultradireita com poder dentro do governo de Israel. Para onde seriam forçosamente deslocados os mais de 2 milhões de palestinos de Gaza caso esse projeto prospere? Talvez sejam embarcados em naves da SpaceX de Elon Musk e levados para colonizar Marte!!!
O pretenso imperador do mundo sonha em anexar, também, a Groelândia e o Canadá; ameaça a Europa, China e qualquer nação soberana que julga empecilho às suas ambições que sobretudo retratam o ‘desespero do afogado’ ante a ordem global atual com novos atores que levaram ao rompimento da hegemonia absoluta dos EUA.
Trump abandonou a OMS e assim pondo em risco a cooperação global na saúde pública em prejuízo de todo o mundo, incluindo os Estados Unidos. Abandonou o Conselho de Direitos Humanos da ONU. De novo, desembarcou do Acordo de Paris e retirou 4 bilhões de dólares do fundo para o clima, fatos que certamente terão desdobramentos na COP 30. Aumentaram as ameaças ao êxito desse evento multilateral estratégico para a humanidade e, por conseguinte, tornando ainda mais prováveis os cenários que apontam para o colapso do clima.
Compartilho do entendimento do presidente Lula que devemos apostar as fichas na preservação da cooperação bilateral, soberana e harmoniosa com os EUA. Além disso, nossa maior defesa a eventuais perspectivas prejudiciais ao país é a aceleração das estratégias do BRICs. Devemos oportunizar a presidência do Bloco para trabalhar nesses avanços.