O pastor Silas Malafaia anunciou uma manifestação para pedir impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O compromisso foi marcado para o dia 7 de setembro na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo o evangélico, o ato contará com discursos “duros” contra Moraes, proferidos por figuras de destaque do bolsonarismo, como o senador Magno Malta.
Inicialmente, os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustav Gayer haviam marcado um ato na principal via de São Paulo no dia 25 de agosto e, no feriado de Dia da Independência, se programaram para uma manifestação em Belo Horizonte, mas mudaram de ideia após o convite feito pelo líder religioso.
Ao Metrópoles, Malafaia afirmou que já comunicou o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o evento e acredita que ele comparecerá. Porém, o pastor ponderou que Bolsonaro provavelmente não discursará contra Moraes, pois está envolvido em um inquérito. “Acredito que Bolsonaro vá. Só não acredito que ele vai falar [contra Moraes] porque está em inquérito”, disse.
A manifestação, segundo o bolsonarista, ganhou força após a publicação de uma reportagem pela Folha de S. Paulo, que acusa Moraes de utilizar, de forma extraoficial, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para obter provas para inquéritos no STF.
Para o líder evangélico, essa revelação aumentou a pressão popular por um protesto e reforçou o pedido de ruptura no mandato do ministro. “Há uma pressão gigante do povo de se fazer uma manifestação e pedir impeachment de Alexandre de Moraes”, afirmou Malafaia.
Povo abençoado do Brasil, no dia 7 de setembro, vamos nos reunir na Av. Paulista (SP), às 14h, para uma manifestação pacífica em favor do Estado Democrático de Direito. Participe e divulgue! pic.twitter.com/fVvNbeGSdb
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) August 15, 2024
O pastor ainda explicou que a Avenida Paulista foi reservada junto à Prefeitura de São Paulo há cerca de 10 dias, antes mesmo da reportagem ser divulgada. Inicialmente, Malafaia havia planejado realizar o ato no dia 25 de agosto, mas desistiu por considerar que a data estava “muito em cima”.
Sobre a expectativa de público, o religioso preferiu não arriscar números, mas demonstrou confiança no sucesso do evento. “Acredito que vai ser gigante, mas não venham me perguntar de número de gente, porque eu não tenho bola de cristal”, declarou.
Malafaia também estima que a manifestação poderá pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a abrir o processo de impeachment de Moraes. Segundo ele, “pressão popular não tem Rodrigo Pacheco que resista”.
A reportagem da Folha de S. Paulo que impulsionou a manifestação detalha trocas de mensagens entre um juiz auxiliar de Moraes no STF e integrantes do setor de combate à desinformação do TSE. Nessas mensagens, o ministro teria solicitado, de forma “fora do rito”, que o TSE elaborasse materiais para embasar decisões no inquérito das fake news, que tramita no STF.
O episódio, apelidado de “Vaza Jato do Xandão” pelos bolsonaristas, faz referência ao vazamento de conversas do Telegram entre Moro e outros membros da Lava Jato, em 2019.
Em resposta à reportagem, o gabinete de Moraes afirmou que não houve irregularidades nos pedidos feitos ao TSE e destacou que a Corte Eleitoral possui poder de polícia. O ministro defendeu, em manifestação no plenário do STF, que a Justiça Eleitoral era o caminho mais eficiente para as investigações naquele momento, uma vez que, segundo ele, a Polícia Federal colaborava pouco com o processo.