Líder do União Brasil é detido pela Polícia Federal

Por Altamiro Borges

A Polícia Federal prendeu o empresário João Paulo Silva, conhecido como “rei do lixo”, acusado de chefiar um esquema bilionário de corrupção e desvio de recursos públicos. A mídia falsamente moralista divulgou a prisão, mas não deu destaque para um fato importante. O corrupto integra a direção nacional do União Brasil e tem fortes ligações com chefões do partido, como o ex-prefeito de Salvador, Antônio de Rueda, e o presidente da sigla, Antônio de Rueda.

Segundo denúncia dos jornalistas Aguirre Talento e Natália Portinari no site UOL, João Paulo Silva “se filiou ao partido em fevereiro de 2023 e ingressou nas instâncias de comando em junho deste ano, conforme registros da Justiça Eleitoral. Isso significa que o empresário tem direito de voto para definir as estratégias políticas do partido, alocação de recursos, medidas judiciais e código de ética”. O União Brasil tem hoje a terceira maior bancada da Câmara Federal, com 59 deputados.

Ainda segundo a postagem, o “rei do lixo” tem sua base empresarial na Bahia. “Um consórcio de que faz parte obteve contrato de R$ 427 milhões para cuidar da limpeza urbana de Salvador, cidade administrada pelo União Brasil. Com essas credenciais, ele costumava frequentar eventos do partido em Brasília e outras cidades. O empresário compareceu, em outubro deste ano, à comemoração da vitória de Sandro Mabel na disputa pela prefeitura de Goiânia. Em uma foto no evento, ele aparece posando com Mabel, Antônio de Rueda, o líder da legenda na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA), e o deputado federal Fernando Coelho Filho (PE)”.

Relação antiga com Antônio de Rueda

“Aliados também dizem que o empresário tem relação antiga com o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente do partido, Antônio de Rueda. João Paulo Silva é proprietário de uma pequena aeronave em sociedade com a irmã de Antônio de Rueda, a empresária Renata Magalhães Correia, e outro político baiano, João Gualberto (ex-prefeito de Mata de São João). A investigação detectou indícios de que João Paulo Silva organizou um voo em aeronave particular com o objetivo de transportar R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo de Salvador a Brasília, no último dia 3 de dezembro. O voo foi interceptado pela PF, e o dinheiro apreendido. Ainda não se sabe quem seria o destinatário”.

Nesta mesma operação, a Polícia Federal prendeu um primo de Elmar Nascimento, o vereador eleito Francisco Nascimento. No momento da batida policial, ele arremessou uma bolsa com dinheiro vivo pela janela de sua residência. “Ele é suspeito de atuar em conjunto com o grupo de João Paulo Silva para realizar fraudes em contratos da prefeitura de Campo Formoso quando ocupou a função de secretário-executivo. O município é a principal base política de Elmar e tem como prefeito o irmão do deputado, Elmo Nascimento, do União Brasil”.

A longa e detalhada reportagem descreve que João Paulo Silva tem empresas na área de limpeza urbana, com contratos em diversas prefeituras da Bahia, incluindo Salvador. “O empresário é apontado pela Polícia Federal como um dos líderes de uma organização criminosa montada para fraudar licitações e desviar recursos públicos na Bahia e em outros estados… Em 2018, quando Antônio de Rueda era prefeito de Salvador, o consórcio Ecosal, do qual a empresa de Silva faz parte, fechou um contrato de R$ 427 milhões com a prefeitura para administrar a limpeza urbana da capital baiana por dois anos. O contrato foi renovado e está em vigor atualmente”.

Diálogos sobre pagamento de propina

Ainda segundo as investigações, o papel do dirigente do União Brasil nesta organização criminosa seria usar sua influência política em prefeituras para fraudar licitações e para desviar dinheiro de contratos em favor do grupo. “João Paulo Silva exerce influência estratégica sobre figuras públicas e setores governamentais, utilizando essas conexões para facilitar contratos e consolidar o acesso a licitações direcionadas. Essa proximidade com agentes políticos de alto escalão permitiu que Silva criasse um ambiente de favorecimento contínuo para suas empresas e para aquelas pertencentes ao grupo criminoso investigado, onde seus interesses eram priorizados em processos de contratação pública”, concluiu a Polícia Federal ao pedir sua prisão.

A PF diz ter interceptado diálogos dele sobre pagamentos de propina. No resumo de um grampo captado no último mês de setembro, a investigação aponta que “João Paulo Silva e Alex Parente discutem sobre o valor ‘dois cinco zero’ (R$ 250.000,00), sugerindo uma negociação financeira relevante. Esse valor seria preparado para ser entregue na segunda-feira seguinte, com estratégias para evitar qualquer vínculo direto entre Silva e a transação”.

Foto: Divulgação

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