Líder do PT denuncia Hugo Motta por aderir ao golpismo e repudia truculência policial no plenário da Câmara

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), fez hoje (9) duras críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pelo uso de força policial para retirar o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa da Presidência da Casa. “Presidente, Vossa Excelência está perdendo as condições de continuar na presidência desta Casa”, afirmou Lindbergjh. “O que Vossa Excelência fez aqui hoje é uma vergonha”.

O deputado do PT assinalou que Motta usou dois pesos e duas medidas para tratar casos diferentes. Durante um motim bolsonarista que paralisou os trabalhos da Câmara durante 48 horas, com a ocupação da Mesa da Câmara, Motta não fez nada, ao contrário de hoje, quando Glauber Braga foi retirado à força da Mesa da Câmara.

“O que aconteceu hoje é muito grave, porque Vossa Excelência foi tolerante quando a turma que invadiu sequestrou a Mesa por 48 horas. Vossa Excelência não usou da força, não usou da Polícia Legislativa. São dois pesos e duas medidas”, afirmou.

Um dia vergonhoso

Na opinião de Lindbergh, o que Hugo Motta fez foi “uma vergonha”. Lindbergh perguntou: “Os golpistas que tomaram conta da Mesa foram cassados? Alguém foi suspenso? Alguém foi afastado um dia sequer? Eu digo: a responsabilidade por essa confusão que aconteceu aqui hoje é do senhor, é da presidência desta Casa. Digo mais: é revoltante.”

Os policiais legislativos da Câmara (Depol) agrediram deputados e deputadas no plenário e, depois, jornalistas que tentaram cobrir a saída forçada de Glauber do plenário. Segundo Lindbergh, Motta está “abraçando definitivamente a pauta do golpismo”.

Lindbergh denunciou a ação de Motta contra a imprensa, inclusive com o corte do sinal da TV Câmara, para evitar que a população acompanhasse a truculência policial no plenário. “Eu vi aqui o que os senhores fizeram contra a imprensa. Parar a transmissão da sessão da TV Câmara, impedir que a imprensa entrasse no plenário.

Ataque ao Estado Democrático de Direito

“Houve uso de força contra mulheres. O senhor mostra hoje, para quem ainda tinha alguma dúvida, a sua verdadeira feição. Ao tentar votar este projeto, o senhor está definitivamente enterrando qualquer trajetória vinculada à democracia”, denunciou o líder do PT. “Hoje, querem construir aqui na Câmara mais um capítulo do ataque ao Estado Democrático de Direito”, afirmou Lindbergh.

O parlamentar criticou Motta por pautar projeto que reduz as penas de condenados pelo STF por envolvimento na trama golpista, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. “O senhor é responsável por ter construído essa pauta explosiva, essa pauta golpista. Isso é anistia”, denunciou o líder do PT.

Lindbergh disse que depois de o País presenciar um julgamento histórico do Supremo Tribunal Federal — pela primeira vez, militares que tentaram dar um golpe no Brasil e um ex-presidente foram condenados por participarem de uma trama golpista — , Hugo Motta pautou o projeto que reduz as penas dos condenados.

Segundo ele, não “foi por acaso”, já que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que poderia retirar sua candidatura à Presidência, em 2026, tendo um preço, a anistia aos golpistas.

Para Lindbergh, Motta pode ser processado por crime de responsabilidade, já que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que pediu à Mesa Diretora da Câmara a imediata perda do mandato da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), condenada em duas ações com trânsito em julgado e presa na Itália.

Hugo Motta, inicialmente, apenas remeteu o caso para a Comissão de Constituição e Justiça, mas hoje anunciou que o caso será submetido ao plenário da Câmara, juntamente com o de Glauber Braga. “Colocar o deputado Glauber na mesma situação da deputada Carla Zambelli é vergonhoso”, reclamou Lindbergh.

Foragido que age contra o Brasil

Lindbergh também denunciou o fato de a Câmara não ter tomado nenhuma decisão até hoje em relação ao deputado de extrema-direita Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que há meses está nos Estados Unidos conspirando contra os interesses brasileiros e sem participar das sessões da Câmara. “Cadê o deputado Eduardo Bolsonaro, que está foragido, tramando contra o nosso país?”.

Para Lindbergh, com a absolvição de Eduardo Bolsonaro pelo Conselho de Ética, onde foi acusado de quebra de decoro parlamentar por sua atuação nos Estados Unidos contra o Judiciário brasileiro, configurou-se um movimento deliberado para que Eduardo Bolsonaro perca seu mandato por faltas e, assim, possa tornar-se elegível novamente.

Lindbergh ainda criticou Hugo Motta pelo fato de não seguir a decisão do STF que havia determinado que a perda do mandato fosse proclamada pela Mesa Diretora, em um procedimento administrativo sem votação política. Motta decidiu que a cassação de Ramagem (PL-RJ) será analisada diretamente pelo plenário, assim como os casos de Zambelli e Glauber.

“O senhor (Hugo Motta) está se esquivando, fugindo das suas responsabilidades, e coloca alguém como o deputado Glauber para ser cassado. Ele só aceitou o processo porque foi provocado. Falaram da mãe dele, que tinha Alzheimer. Então, senhores, é uma vergonha o que está acontecendo aqui.”

 

Redação PT na Câmara

 

 

Artigo Anterior

Como votou cada senador na PEC do Marco Temporal

Próximo Artigo

Sem receber 13º salário, motoristas de ônibus de São Paulo entram em greve

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!