O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), repudiou hoje (9/7) a taxação de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, trata-se de “ataque forte à soberania do Brasil” e aos interesses nacionais, com “consequências nos negócios das empresas, no agronegócio e nos empregos brasileiros”.
O deputado denunciou que a medida arbitrária de Trump é consequência direta da atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e das forças de extrema-direita brasileiras, que agem nos EUA de forma antinacional para tentar pressionar o Supremo Tribunal Federal a livrar a pele do ex-presidente Jair Bolsonaro, em julgamento por articular um golpe de Estado entre 2022 e 8 de janeiro de 2023.
“Articulado pelo Eduardo Bolsonaro e por essa rede da extrema-direita. Não tenho dúvidas, quero reafirmar, ele disse que ia prejudicar o [ministro do STF] Alexandre de Moraes e prejudicou todo o Brasil”, denunciou Lindbergh, para quem o bolsonarismo age como “capacho” dos EUA, em detrimento dos interesses do povo brasileiro.
Conselho de Ética
O líder do PT já ingressou no Conselho de Ética da Câmara contra Eduardo Bolsonaro por tramar nos EUA contra o Judiciário brasileiro e a soberania nacional. Segundo ele, diante dos últimos acontecimentos, a Câmara precisar agir rapidamente para analisar e cassar o mandato do deputado de extrema-direita. Ele reforçou que ao agir contra o ministro Alexandre de Moraes, o deputado do PL “prejudicou todo o Brasil”.
Capitão Tarcísio
Lindbergh também cobrou um posicionamento do governador de São Paulo, o capitão Tarcísio de Freitas (Republicanos), a respeito da decisão do presidente de extrema-direita dos EUA. “Qual a posição do governador de São Paulo, que há dois dias atrás aplaudiu o Trump quando (este) disse que só o povo podia julgar Bolsonaro […]. Gente, há dois dias, ele fez uma postagem saudando o Trump, dizendo que só o povo podia julgar o Bolsonaro, como se o julgamento do Supremo fosse ilegítimo. Esse povo tem que falar”, declarou o líder do PT a jornalistas.
Ele denunciou a posição subalterna da extrema-direita brasileira aos interesses dos EUA. “Estão numa posição de vira-latas que ameaçam a soberania nacional”, afirmou. “Preferiram articular uma sanção para tentar impedir um julgamento que vai acontecer”, disse. “É hora de os brasileiros, independentemente dos partidos políticos, se unirem para defender o povo brasileiro, os empregos. Esta turma bolsonarista está desmoralizada. Agiram contra o povo brasileiro”, denunciou Lindbergh.
Trio traidor da pátria
Segundo o líder do PT, Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas “devem estar muito felizes em prejudicar o Brasil, nossa economia e nossos empregos. Nós defendemos o Brasil e nossa soberania. Eles são uns traidores!”.
Segundo o líder petista, a situação atual coloca em cena dois grupos: os que são a favor dos interesses nacionais e os que defendem os interesses dos EUA, até batendo continência para a bandeira daquele país. Ele disse que no Brasil há “dois partidos, o de Tiradentes e o do (traidor) Joaquim Silvério dos Reis”.
“Esse setor da extrema-direita que articulou tudo isso, a pergunta que nós fazemos, qual a posição dos vira-latas que estão atacando a soberania nacional? Vão continuar com o boné do Trump dos Estados Unidos ou com a camisa do Brasil? Prometeram que iam trazer sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal. As sanções que trouxeram foi a todo o povo brasileiro, a toda a economia brasileira”, afirmou Lindbergh Farias.
Moção de louvor
O líder do PT criticou duramente uma moção de louvor a Trump aprovada nesta quarta-feira pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. “Isso aqui mostra o viralatismo, a posição de capacho diante dos interesses norte-americanos. O Brasil nesse momento vai ser dividido entre quem defende os brasileiros e quem defende os interesses norte-americanos e de Trump”, comentou o líder petista.
Ele frisou que nenhum governante estrangeiro vai impedir que a Justiça brasileira faça o seu trabalho. “O Brasil é dos brasileiros!”, exclamou o líder do PT.
Comércio bilateral
Desde 2009, os EUA têm superávit comercial com o Brasil. No período, o Brasil acumulou um déficit de US$ 88,6 bilhões. O País é um dos poucos do mundo com quem os EUA têm superávit comercial. Ou seja, ao longo dos últimos 16 anos, o Brasil compra muito mais do que vende para os EUA.
O relacionamento comercial do Brasil com os Estados Unidos é marcado por predominância da economia norte-americana, segundo números da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Lei de Reciprocidade
De todo modo, o Brasil tem legislação — a Lei de Reciprocidade — aprovada pelo Congresso Nacional, que dá ao Governo Lula condições de fazer frente a eventual tarifaço de Trump. A nova lei permite que o governo brasileiro imponha tarifas adicionais, suspenda concessões comerciais ou até mesmo deixe de cumprir obrigações relacionadas à propriedade intelectual quando houver medidas hostis de outros países, como barreiras comerciais unilaterais.
Assista a íntegra da coletiva do líder Lindbergh:
Redação PT na Câmara