O desdobramento de atos extremistas em Portugal está ganhando destaque. João Silva, o neonazista mais notório do país, está organizando manifestações contra migrantes, despertando preocupações e críticas tanto dentro quanto fora de Portugal. Suas ações e discursos têm gerado debates sobre o impacto de suas atividades e a resposta das autoridades.
Silva ganhou notoriedade com o Grupo 1143, que começou como uma facção ligada a torcidas organizadas, como o Sporting, em Lisboa. Com o tempo, o grupo se expandiu para fora dos estádios e passou a promover atos violentos e racistas. A facção, conhecida por suas bandeiras com símbolos nazistas, tem se dedicado a campanhas de ódio contra imigrantes.
O grupo não se limita mais às ruas e está ativo nas redes sociais. Recentemente, Silva teve seu canal no YouTube removido, o que trouxe sua figura de volta às manchetes. “O que espanta não é João Silva ter saído do ar, e sim o fato de ter sido o YouTube a tomar essa providência, e não o Ministério Público português”, afirmou Maria Gomes, jurista e ex-candidata presidencial.
O extremista começou a se destacar em 1995, quando era membro de um grupo de skinheads. Durante um evento nacionalista, promovido no “Dia da Raça”, ele e seus colegas foram envolvidos em atos de vandalismo e violência contra imigrantes, resultando no assassinato de Alcindo Monteiro. Silva foi condenado por ofensa à integridade física qualificada e passou alguns anos na prisão.
Durante sua estadia na cadeia, Silva fundou o braço português do grupo Irmandade Ariana, uma organização neonazista americana. Após sua primeira prisão, tentou criar uma gangue de motociclistas e formou um grupo de rock pesado, mas enfrentou diversos conflitos e processos legais. Entre 2013 e 2017, voltou à prisão por incitação ao crime e danos materiais.
Em 2022, ele foi processado por discriminação de gênero após fazer comentários ofensivos sobre mulheres de esquerda. Condenado a dois anos e dez meses de prisão, ele ainda pode recorrer da decisão. Enquanto isso, suas atividades extremistas continuaram, com destaque para seu canal no YouTube, onde promovia discursos de ódio e oferecia dicas de literatura nazista.
A motivação para a remoção do canal de Silva pelo YouTube veio após uma reportagem do The New York Times, que destacou o impacto da incitação ao ódio nas redes sociais. As ações de Silva, e de grupos similares, têm levado a um aumento na violência e no vandalismo contra imigrantes, como evidenciado por recentes ataques no Porto e em Lisboa.
A resposta a essas ações não se limita a Portugal. O Reino Unido também tem enfrentado uma crescente onda de crimes de ódio. No entanto, tanto em Portugal quanto no Reino Unido, manifestações em defesa dos imigrantes têm superado as de grupos extremistas, mostrando que, apesar da violência, a maioria da população apoia a integração e os direitos dos migrantes.