Nessa quarta-feira (26), a Justiça determinou a prisão do médico obstetra e colunista do Diário Causa Operária Ricardo Herbert Jones, conhecido como Ric Jones. Referência na defesa do parto humanizado, com mais de dois mil partos acompanhados, Jones é alvo de uma campanha de perseguição que se intensificou nos últimos anos, culminando em sua condenação e prisão arbitrária.
O caso, que se arrasta há anos, diz respeito a um parto domiciliar no qual o bebê veio a falecer 24 horas depois, já no hospital, por conta de uma pneumonia congênita. Mesmo com provas de que o atendimento de Jones não teve qualquer relação com o desfecho trágico, e apesar da clara negligência hospitalar — inclusive com aplicação de antibiótico vencido —, o médico foi transformado em bode expiatório.
Em 2016, ele teve seu registro cassado. Agora, após ser condenado a 14 anos de prisão por um júri popular, foi novamente preso, em cumprimento a uma norma do Supremo Tribunal Federal (STF) que contraria frontalmente o artigo 5º da Constituição Federal, o qual garante a presunção de inocência até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Mesmo diante da injustiça e da violência judicial, Ric Jones demonstrou coragem e dignidade. Em mensagens enviadas pouco antes de se apresentar à prisão, afirmou:
“Não vou fugir, me refugiar, sair correndo, pedir asilo ou coisas do tipo, porque ficar longe da família seria uma prisão muito mais dura de suportar. Acho que ficar preso vai ajudar na conscientização de nossas lutas.”
Em outra mensagem, declarou:
“Guardem essa minha carinha aí. Não há porque se desesperar, esmorecer ou baixar a cabeça. A humanização do nascimento e a autonomia das mulheres sobre seus partos e seus corpos é a luta de uma geração.”
Ao lado da esposa, a enfermeira obstétrica Zeza Jones, também militante da causa do parto humanizado, Jones tem sido uma das principais vozes em defesa do parto humanizado no Brasil. O casal participou recentemente de um debate promovido pelo Coletivo de Mulheres do PCO, transmitido pela TV Mulheres. A gravação está disponível no canal do YouTube do coletivo.