Alice Weidel discursa na convenção nacional do AfD em Riesa, na Alemanha. Foto: Sebastian Kahnert/AP

A sigla de extrema direita aparece bem posicionada para as eleições legislativas de 23 de fevereiro no país. Uma pesquisa do INSA (Institut für neue soziale Antworten) publicada no sábado (11) indica que o partido antissistema, anti-imigração e pró-Rússia está em segundo lugar nas intenções de voto, com 22%.

Embora a AfD não tenha chance de ganhar um governo, já que nenhum outro partido está disposto a formar uma coalizão com ele, Alice Weidel, 45 anos, já se estabeleceu como a figura dominante na campanha – aproveitando-se também do impulso dado pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk. O bilionário, aliado do presidente eleito dos Estados Unidos, não apenas declarou apoio à AfD como promoveu um debate ao vivo com Weidel esta semana em sua plataforma X.

A revista Der Spiegel nota que Alice Weidel é “a cobertura perfeita” para o partido, frequentemente acusado de abrigar integrantes neonazistas. “Quando alguém diz que a AfD é misógina, homofóbica ou racista, os líderes respondem que eles têm Weidel e, portanto, a AfD não pode ser isso – embora realmente seja”, salienta a publicação. Com a companheira nascida no Sri Lanka, Weidel tem dois filhos adotados que são educados na Suíça.

Nascida em uma família de classe média alta, a ex-membro do partido liberal pró-empresarial FDP costuma usar um colar de pérolas brancas e se vestir com terninhos. No passado, ela dizia que seu modelo era a britânica Margaret Thatcher e a reestruturação à força que ela impôs à economia britânica.

Mandarim fluente e experiências internacionais

Alice Weidel é originária da rica região ocidental de Baden-Württemberg – mas seu atual partido é forte principalmente no leste do país. Ela tem um perfil muito mais internacional do que a maioria dos membros da AfD: fala mandarim fluentemente e morou na China e nos Estados Unidos.

Segundo o professor de sistema político alemão Wolfgang Schroeder, da Universidade de Kassel, a copresidente do movimento pertence à ala moderada da AfD, “que aspira a uma existência independente à direita dos conservadores”, e não à ala mais radical, “que defende uma posição profundamente étnica, autoritária e nacionalista”.

“Sendo uma mulher da Alemanha Ocidental e homossexual, ela tem alguns problemas para se conectar com a ideologia de seu partido”, disse Anna-Sophie Heinze, cientista política da Universidade de Trier.

Apesar da radicalização contínua da AfD, e ao contrário de outras figuras “expurgadas”, a doutora em economia, que trabalhou para o banco Goldman Sachs, não só permaneceu na sigla como chegou ao seu topo.

Radicalização

Com o tempo, sua imagem de moderação se perdeu. Às vésperas das eleições, Alice Weidel, sob pressão da poderosa ala identitária da AfD de Björn Höcke, quer dar garantias de que não será derrotada.

Quando confrontada por Elon Musk, ela não hesitou em descrever Adolf Hitler como um “comunista” e “socialista”, o que lhe rendeu acusações de revisionismo histórico.

Na convenção da AfD em Riesa, que termina neste domingo (12), seu discurso “nunca foi tão radical”, comentou o canal de televisão NTV. Alice Weidel apoiou totalmente a ideia de expulsão em massa de estrangeiros ou pessoas de origem estrangeira. “Digo isso sinceramente: se tiver que ser chamado de ‘remigração’, será chamado de ‘remigração’”, insistiu ela.

Ao contrário de outros partidos de extrema direita na Europa, ela está explorando ao máximo a polarização, a exemplo do FPÖ austríaco. Enquanto Marine Le Pen na França, com quem tem uma relação difícil, prometeu banalizar o Reunião Nacional (RN) e se distanciou do legado radical do seu pai, Jean-Marie, Alice Weidel e a AfD “continuam a ter uma posição antissistema”, observa o professor Schroeder.

“Comparada com Marine Le Pen na França ou Giorgia Meloni na Itália, Alice Weidel tem menos experiência” na batalha política, nota ainda o cientista político. “As duas primeiras jogam na Bundesliga e ela, na quarta divisão”.

Publicado originalmente na RFI

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Last Update: 12/01/2025