Por Lelê Teles

uma das cenas mais marcantes pra mim, no filme cães de aluguel, do tarantino, é aquela em que o malandro corta a orelha do policial e sussurra alguma coisa para o ouvido que estava separado do corpo.

a imagem é trágica e cômica ao mesmo tempo.

trump copiou tarantino.

a imagem, convenhamos, é tragicômica.

é a primeira vez que vejo um cabra comemorar um atentado contra ele mesmo.

corre o mundo a imagem de trump com a orelha sangrando e os punhos erguidos: “fight, fight, fight”.

isso me fez lembrar uma cena de pugilato em que o lutador holyfield teve a orelha arrancada a mordidas por mike tyson.

holyfield foi declarado vencedor de refrega e sorriu, feliz, com um pedaço de orelha a menos.

mas trump é um bunda-mole, não dá pra compará-lo a holyfield.

pensei em van gogh, o gênio holandês, entrando num cabaré e entregando o envelope com sua orelha decepada para uma prostituta.

mas, por mais que esteites sejam um cabarezão gigante, é um sacrilégio comparar trump com van gogh.

lembrei-me, então, do cangaço e dos matadores de aluguel nordestinos, que costumam trazer a orelha da vítima como prova de que o serviço fora executado.

mas tem um problema, segundo os teóricos da conspiração, trump seria o mandante e, ao mesmo tempo, a vítima.

e é aí que nada se encaixa.

é forçação de barra querer fazer de thomas crooks uma espécie de adelius bishop.

o incidente da pensilvânia, sejamos honestos, difere muito da encenação de juiz de fora.

primeiro que, ao contrário do inelegível, trump sangrou.

pode ser um sangue cenográfico? pode, tudo pode, o importante é que ele tava lá, nítido, a orelha melada de vermelho e a cara manchada de escarlate, como se alguém tivesse lhe dado uma merecida bofetada com as mãos sujas.

outra diferença, o inelegível tomou uma facada, com faca de circo – não nos esqueçamos – e trump foi alvejado por arma de fogo.

lembremos que só o grande mágico houdini ousou fazer graça com armas de fogo, a coisa é arriscada demais.

é fácil armar uma trampa com uma faca de circo, dessas que a lâmina é engolida pelo cabo quando encontra um obstáculo e, automaticamente, se ejeta logo que o cabo recua.

agora, um tiro, com bala de verdade, é outra coisa.

não dá pra contratar um sniper como quem contrata um body piercing, ainda mais dando ao tatuado a dificílima tarefa de colocar um alargador de orelha a pelos 150 metros de distância do cliente.

onde já se viu tamanha ousadia?

e o mais importante, e que ninguém tá levando em consideração, é o seguinte: trump não precisava colocar a vida em risco para vencer o biden.

biden é um morto-vivo, o sacana tem visíveis problemas motores e cognitivos.

trump tava louco para humilhá-lo nos debates, como o fez da última vez que estiveram cara-a-cara.

tem coisa estranha nessa história? muita.

há um vídeo em que as pessoas veem o molecote em cima do telhado com um rifle na mão, rastejando, como um atirador.

eufóricos, eles avisam para a polícia que há um cara armado no telhado, e ninguém dá bola.

estranhíssimo!

e que motivos teria crooks para atirar em trump?

ora, todos sabemos que os estadunidenses gostam de resolver as coisas na bala, no murro e na facada, mesmo pelos motivos mais fúteis.

john lennon, o ex-besouro, foi assassinado por um fã, isso mesmo, por um fã, na porta do hotel, e não foi faca de circo que o sujeito usou.

o cabra que deu um tiro no presidente reagan o fez para imitar o personagem de taxi driver e conquistar o coração de jodie foster.

veja você.

molecotes invadem escolas nos esteites e passam fogo nos coleguinhas só porque alguém o chamou de orelhudo na quinta série.

esses malucos procuram motivos pra matar.

mas atenção: uma perícia aponta que, pelo som dos disparos, pelo menos três armas atiraram quase que simultaneamente contra trump.

e aí chegamos a john kennedy.

também fizeram vista grossa para lee harvey oswald.

oswald, assim como crooks, subiu em um prédio, abriu a janela, se posicionou e apertou o gatilho com o carango de kennedy à sua frente.

peritos afirmam que efetuaram três disparos contra o presidente galã, e de posições diferentes.

o filme feito por um transeunte, o tal zapruder, confirma essa teoria.

estamos à espera de um vídeo de um zapruder tiktoker para vermos se há outro atirador por perto.

mesmo que haja, sejamos honestos, ninguém vai pedir um tiro de raspão na orelha, cara.

sem chances.

o mais importante de tudo isso é que temos uma imagem que ficará para a história.

e você pode dizer o que quiser sobre o que de fato ocorreu naquela manhã do dia 13 de julho, nada será mais eloquente do que aquela imagem.

porque, você bem o sabe, uma imagem vale por mil palavras.

palavra da salvação.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Última Atualização: 15/07/2024