Conhecido como um político dos mais controversos e a décadas a frente das articulações mais conservadoras na maior cidade do País, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), sinalizou a possibilidade de romper a aliança com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em favor da pré-candidatura do deputado Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura.
Segundo ele, “existe essa sugestão. O presidente apoia Boulos, nossos ministros têm uma boa relação com o presidente. Não tem nenhuma dificuldade em irmos com Boulos”, declarou o vereador para o Portal da UOL.
União e PSOL?
O vereador do União Brasil declarou que vários integrantes do seu partido têm incentivado essa mudança, e destacou o apoio de ministros do presidente Lula, que supostamente teriam boa relação com o partido.
Ele também divulgou que Guilherme Boulos teria feito contatos através de emissários para explorar uma possível aliança com o União.
É claro que o chefe político de uma ampla ala conservadora na política paulistana usa o anúncio de um possível apoio a Boulos também para chantagear outros possíveis aliados, como a chapa do atual prefeito apoiada pelo MDB e por Jair Bolsonaro. Mas o anúncio do vereador evidencia o caráter cada vez mais conservador da candidatura de Boulos, que anunciou, recentemente, a indicação de um ex-comandante da ROTA (Ronda Ostensivas Tobias Aguiar), a “polícia que mata”, como é conhecida, para coordenar o seu plano de segurança para a Capital e que tem na vice-prefeitura a ex-secretária de Relações Internacionais do atual governo, Martha Suplicy, que abandonou o PT, pelo qual se elegeu senadora, para votar a favor da derrubada da presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Fica evidente que a evolução cada vez maior da direita do candidato psolista o torna palatável para amplos setores da direita paulista, dos banqueiros, da imprensa capitalista e dos mais conservadores setores da burguesia golpista e de suas máfias políticas.
Falso moralismo exposto
Em outro episódio desta semana, o pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), foi alvo de críticas da parte de adversários pela sua atuação, enquanto deputado federal, no caso da chamada “rachadinha de Janones”. Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da cidade e o candidato oficial do bolsonarismo, e o também coach bolsonarista Pablo Marçal (PRTB), afirmaram que Boulos “passou pano” para aliado acusado de “rachadinha” na Câmara.
O deputado André Janones (Avante-MG) foi acusado de prática de corrupção por supostamente exigir que funcionários contratados do mandato devolvessem parte do salário, prática amplamente difundida na Câmara. Janones foi denunciado na Comissão de Ética da casa, que teve como relator o deputado Boulos, que pediu o arquivamento do inquérito.
Por óbvio, é absolutamente antidemocrático cassar um deputado pela organização estabelece em seu próprio gabinete ou por irregularidades administrativas, contudo, Boulos e o PSOL sempre foram a favor de tal expediente antidemocrático contra os bolsonaristas. Mostrou-se a hipocrisia dessa política, de apoiar os desmandos do aparato estatal contra os inimigos, ao mesmo tempo, defender os aliados desses mesmo desmandos.
Essa posição política, ridicularizada pelos adversários, é resultado da falta de programa político que norteie a ação política. O que significa que Boulos e o PSOL agem ao sabor das pressões e a grande pressão sobre eles é justamente da direita pró-imperialista.