O maior encontro mundial sobre o câncer, o Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), apresentou novos avanços no tratamento de vários tipos de câncer. Realizado em Chicago, o evento destacou novas terapias-alvo e medicações que aumentam a sobrevida dos pacientes, além de descobertas importantes em prevenção e cuidados paliativos.
Um dos destaques foi o tratamento do câncer de pulmão em estágio 3 com osimertinib, uma terapia-alvo que atua no receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR). O estudo LAURA demonstrou que essa medicação melhora significativamente a sobrevida de pacientes com mutação no gene EGFR, superando a imunoterapia. A nova abordagem se mostrou eficaz mesmo em casos irressecáveis, oferecendo uma alternativa personalizada com menor toxicidade.
Em relação ao câncer de mama hereditário, um estudo brasileiro inédito mapeou as variantes genéticas mais prevalentes em pacientes com a doença. Os resultados revelaram uma taxa de mutações de 10%, principalmente nos genes BRCA1, BRCA2, TP53 e PALB2, destacando a importância da genética na detecção precoce e prevenção.
Outro avanço significativo veio no tratamento do câncer de pênis. Uma combinação de imunoterapia e quimioterapia reduziu o volume tumoral em 75% dos pacientes em casos avançados, de acordo com o estudo brasileiro HERCULES – LACOG 0218. O estudo identificou ainda dois marcadores, P16 e TMB, como possíveis preditores de melhor resposta ao tratamento.
Além disso, a vacina contra o HPV demonstrou eficácia na proteção contra cânceres além do colo de útero e pênis, como cabeça, pescoço, anal, vagina e vulva. Os dados reforçam a importância da vacinação precoce, que já está disponível no Brasil gratuitamente para meninas e meninos entre 9 e 14 anos.
No campo da imunoterapia, um estudo sobre melanoma avançado mostrou que dois ciclos de imunoterapia combinada, antes da cirurgia, aumentaram a chance de cura em 60% dos casos. Os resultados indicam uma redução de 70% no risco de recidiva do tumor, tornando essa estratégia uma alternativa poderosa para pacientes com esse tipo de câncer.
Por fim, a telessaúde também se destacou no cuidado paliativo de pacientes com câncer de pulmão avançado. Um estudo demonstrou que consultas remotas foram tão eficazes quanto as presenciais na manutenção da qualidade de vida, sugerindo que a telessaúde pode ser integrada de forma mais ampla nos padrões de cuidados paliativos.