Não se trata daquele costume de exaltar quem se vai. Quando dizemos que Natália foi importante, não é mera formalidade; é a realidade. Ela foi uma peça fundamental para tornar o Partido da Causa Operária o que é hoje: um partido que não para de crescer e que consegue manter sua coerência e integridade.
A contribuição da companheira Natália começou no movimento estudantil, participando de ocupações, greves, levando o programa do Partido e aproximando a juventude de um Partido que, pelo refluxo da classe operária, sofria com dificuldade de ampliar e rejuvenescer seus quadros — o que é de extrema importância, uma vez que é sobretudo por meio da juventude que a luta revolucionária é travada. Nesse sentido, o seu trabalho formou a geração partidária da qual ela e outros membros importantes fazem parte, e muitos permanecem até hoje.
Para além de formar sua geração partidária, o trabalho organizativo de Natália abriu o caminho para as próximas gerações do PCO. Ela era uma das principais idealizadoras da tarefa de trazer pessoas para o Partido, formulando novas maneiras de introduzir o programa partidário, rompendo com sectarismos e preconceitos contra o PCO e tornando o programa revolucionário plausível para aqueles que se identificavam, mas que, por uma série de empecilhos, pressões e intrigas, se mantinham distantes. Natália soube apresentar de maneira excepcional o programa revolucionário da classe operária, uma herança inestimável.
Natália foi ainda responsável pelo feito de aproximar as mulheres. Como todos sabemos, as mulheres são propositalmente afastadas da luta política, são presas ao lar para não conseguirem se voltar contra os que são responsáveis pela sua situação cada vez mais difícil. Na liderança do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo, foi capaz de romper essa barreira e levar formação política para muitas mulheres que participavam de discussões, reuniões, atos públicos, estudos etc., fazendo com que a quantidade de mulheres no Partido aumentasse, não só em número, mas em participação real.
Por fim, Natália se dedicou imensamente à questão palestina: foi ativa e firme na defesa da libertação do povo palestino, sobretudo na defesa das mulheres palestinas que, nos últimos dois anos, têm sofrido as mais cruéis atrocidades nas mãos do sionismo. No último ato público em defesa da Palestina e da resistência palestina de que participou, ficou até tarde no dia anterior, junto com outras companheiras, produzindo milhares de bandeirinhas da bandeira palestina, que também distribuiu junto com seu filho no ato. Também defendendo a mulher palestina, participou do fatídico 8 de março de 2024, quando a esquerda pequeno-burguesa queria impedir que se falasse da mulher palestina e, vergonhosamente, atacou as mulheres do PCO, inclusive fisicamente — o que não impediu que Natália e as outras companheiras permanecessem no ato, fazendo o que era necessário.
E isso é só um pequeno esboço da atividade da companheira Natália, e não é sua morte que vai acabar com a sua contribuição para a classe operária, para a mulher operária, para o Partido revolucionário. Natália deixa um legado que não podemos sequer mensurar: quantas novas gerações virão graças a ela? Quantas mulheres? E a própria revolução, quão importante não terá sido o trabalho da companheira Natália para a vitória da revolução operária? Não podemos dizer o quanto, mas podemos dizer que, sem dúvida, sua contribuição para tudo isso é fundamental.