Líderes mundiais comemoraram a escolha do papa Leão XIV, nesta quinta-feira 8, após dois dias de conclave. Nascido na Califórnia, nos Estados Unidos, o cardeal Robert Prevost, de 69 anos, tem uma atuação ligada à América Latina, em especial ao Peru, onde foi pároco e serviu como chanceler de órgãos do Vaticano no final da década de 1980. Ele sucederá o papa Francisco, que morreu em abril.
O presidente dos EUA, Donald Trump, parabenizou o novo líder da Igreja Católica e disse considerar uma honra que ele seja norte-americano. “Que emoção, e que grande honra para o nosso País. Estou ansioso para conhecer o papa Leão XIV. Será um momento muito significativo”, escreveu o republicano em postagem nas redes sociais.
O novo papa possui um histórico de publicações críticas a Trump e o vice-presidente J.D. Vance em seu perfil oficial no X (ex-Twitter). O primeiro deles foi publicado pelo jornal Washington Post em julho de 2015, quando Trump ainda ensaiava entrar para a política americana — ele foi eleito à Casa Branca pela primeira vez em 2016.
O título do artigo compartilhado pelo novo papa era Cardeal Dolan: Por que a retórica anti-imigrante de Donald Trump é tão problemática. Em 12 de fevereiro, foram compartilhados dois artigos com críticas a Vance, que é católico. O primeiro deles, com título “J.D. Vance está errado: Jesus não nos pede que classifiquemos nosso amor pelos outros”, foi veiculado no National Catholic Report.
A segunda publicação se refere a um artigo da revista America, cujo título era Carta do papa Francisco, a ‘ordo amoris’ de J.D. Vance e o que o Evangelho pede a todos nós sobre imigração. Na última postagem que compartilhou antes de ser eleito papa, Prevost replicou uma publicação no X com críticas à política migratória promovida por Trump e pelo presidente de El Salvador, Nahib Bukele.
Outro líder mundial a se manifestar após o término do conclave foi Emmanuel Macron, da França. Nas redes sociais, o mandatário classificou a escolha do novo pontífice como um “momento histórico” e desejou que o papado de Prevost “traga paz e esperança” ao mundo, em postagem que também faz alusão aos 80 anos do Dia da Vitória na Europa, que celebra o fim da Segunda Guerra Mundial.
“Que sua liderança traga esperança, diálogo e unidade, em um momento em que precisamos mais do que nunca dos valores cristãos para construir um mundo mais humano”, comemorou Santiago Peña, presidente do Paraguai, em publicação no X.
O presidente russo, Vladimir Putin, parabenizou o novo papa e expressou esperança de que o pontífice americano e peruano inicie um “diálogo construtivo” com o Kremlin. “Confio que o diálogo construtivo e a cooperação estabelecidos entre a Rússia e o Vaticano continuem a desenvolver-se com base nos valores cristãos que nos unem”, afirmou.
O contraparte ucraniano na guerra com a Rússia, Volodimir Zelensky, disse esperar que o Vaticano continue apoiando “moralmente e espiritualmente” Kiev para “restabelecer a justiça e alcançar uma paz duradoura” com Moscou.
“A Ucrânia aprecia profundamente a posição constante da Santa Sé em favor do respeito ao direito internacional, condenando a agressão militar da Federação da Rússia contra a Ucrânia e protegendo os direitos dos civis inocentes”, acrescentou Zelensky, em uma mensagem publicada no X.
O presidente Lula (PT), que cumpre agenda na Rússia, também foi às redes sociais congratular o novo Papa. Na postagem, disse esperar que ele “dê continuidade ao legado do Papa Francisco, que teve como principais virtudes a busca incessante pela paz e pela justiça social, a defesa do meio ambiente, o diálogo com todos os povos e todas as religiões, e o respeito à diversidade dos seres humanos”
Quem também comentou a escolha foi Geraldo Alckmin, presidente da República em exercício. “Neste momento histórico, nós, brasileiros, temos o orgulho de nos unir a todos os que comungam da alegria pela eleição do papa Leão XIV, confiando que, sob a sua liderança, a Igreja Católica Apostólica Romana haverá de perseverar em sua missão evangelizadora, inspirando paz, união e esperança a toda a humanidade”, disse o pessebista.
Os chefes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também comemoraram. “Que sua chegada ao pontificado seja luz para os fiéis, força para os que têm fé e esperança para todos os que acreditam em um mundo mais justo, fraterno e solidário”, afirmou o senador em nota.
“Todos nós seguidores da fé cristã desejamos muita sabedoria, fé e energia para o novo Pontífice”, completou Motta.
Quem é o novo papa
Próximo de Francisco, Prevost foi nomeado cardeal em setembro de 2023, como parte de uma série de indicações feitas pelo papa argentino para ampliar a presença da igreja em partes do mundo em que ela tinha uma menor influência. A idade e o curto período como cardeal, aliás, eram alguns dos motivos pelos quais seu nome não aparecia nas principais listas de favoritos no conclave.
Apesar do nascimento nos EUA, a trajetória de Prevost na Igreja é ligada intimamente à América Latina, em especial ao Peru, onde foi pároco e serviu como chanceler de órgãos do Vaticano no final da década de 1980. Depois disso, alternou entre missões nos EUA e no Peru, onde se instalou mais definitivamente em 2014, quando foi nomeado administrador apostólico da Diocese de Chiclayo, no norte do Peru, e se tornou bispo no ano seguinte.

Robert Prevost, antes de ser eleito papa – Foto: Andreas SOLARO / AFP
Francisco tornou a ampliar a participação e influência de Prevost entre bispos e cardeais nos anos seguintes, o nomeando prefeito do Dicastério para os Bispos meses antes de fazê-lo cardeal. Ele é membro de outros seis dicastérios da Igreja e da Comissão para a Governança do Estado da Cidade do Vaticano, todas indicações feitas por Francisco.
As nomeações de Prevost em postos-chave não foram por acaso: o agora papa Leão XIV, apesar de discreto, mostrou visões e posições muito alinhadas ao papa argentino quando falou com a imprensa.
“O bispo não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino”, disse em 2024, enquanto ainda era cardeal. Temas como o meio ambiente e socorro aos necessitados são outros pontos em comum entre os dois religiosos.