“Minha vinda PT representa a disposição de ajudar a fortalecer o PT num encontro geracional muito especial, muito rico, que vai nos permitir reeleger o presidente Lula. Não há nada mais importante em 2026 do que a reeleição do presidente Lula, junto com a vitória para o governo do Distrito Federal, eleger Érica Kokay senadora, ampliar a nossa bancada federal e fazer maioria na Câmara Legislativa”.

A frase é do mais novo filiado ao PT, Leandro Grass, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2023, em entrevista na manhã desta quarta-feira (27) ao programa Café PT da TvPT. Ele falou de sua trajetória, dos desafios da reconstrução do patrimônio histórico do país depois do desgoverno Bolsonaro, da situação do Distrito Federal e das estratégias para 2026.

Feliz com a acolhida dos militantes e dirigentes petistas e animado para a disputa de 2026, Grass não poupou críticas à atuação gestão do Distrito Federal (DF). “De 2019 para cá é ladeira abaixo. Essa é a verdade. Estamos regredindo em praticamente todos os indicadores sociais”, assinalou, ao citar o desemprego em quase 13%, o último lugar entre as 27 unidades em oferta de escola em tempo integral e o maior tempo de espera na fila do SUS em todo o Brasil, além de grilagem de terras e aumento da população de rua.

Tudo isso significa, na visão de Grass, não só falta de gestão, mas também incompetência falta de liderança e um descompasso inadmissível, que faz o DF perder grandes oportunidades de parceria com o governo federal “por birra, por falta de espírito público, por falta de envergadura para o cargo que ocupam e estão se isolando das políticas federais”, disparou.

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“Estamos nesse processo de convencimento, de comunicação com o povo de Brasília para mostrar que não só sabemos governar melhor do que eles, como já demonstramos no passado e temos projeto para o futuro da cidade”, ressaltou.

Grass avalia que é preciso colocar Brasília na economia do século 21, tanto verde quanto tecnológica, e lamentou que o DF esteja ficando para trás em relação ao PAC. “Eles não precisam ter alinhamento com o partido. Mas eles não têm alinhamento com o povo”, sublinhou.

Seu empenho para a campanha de 2026 parte também da convicção de que é preciso extirpar a extrema direita. “A gente não pode ter golpista sentado na cadeira do Buriti, a gente não pode ter golpista com a caneta na mão para dizer o que a polícia vai ou não vai fazer. A gente não pode ter golpista cuidando do orçamento do DF. Recuperar a cidade é fundamental se a gente quiser a democracia de pé e é por isso que nós vamos lutar”, enfatizou.

Filiação: retorno à origem

Grass vê a filiação ao PT como um retorno à sua origem e origem social e política. Na adolescência, participou da Pastoral da Juventude, das comunidades de base da igreja católica e, na década de 1990, como ativista das campanhas do PT. “Meu primeiro voto no presidente Lula em 2002”, lembrou ao falar da sua atuação como professor na área cultural e ambiental.

“Fiz uma oposição severa e contundente ao governo Ibanes. Fui um dos parlamentares que mais se contrapôs, denunciei uma série de crimes, como superfaturamento de testes de Covid”, disse ele ao falar de seu mandato de deputado distrital, eleito em 2018 pela Rede, a convite da ministra Marina Silva.

Em 2022, Grass foi candidato ao governo pelo Partido Verde, na Federação Brasil da Esperança, e teve 434.587 votos. “Por 4.996 votos não houve segundo turno”, lamentou, ao assinalar que o DF foi onde o presidente Lula teve o melhor crescimento entre o primeiro e o segundo turnos em todo o Brasil.

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DF, farol para o país

O Distrito Federal sempre foi como um farol para o Brasil, segundo Grass, ao falar dos programas que o presidente Lula ampliou para o país como o Saúde em Casa, que hoje é o Saúde da Família; o Bolsa Escola, que hoje é um eixo do Bolsa Família. O Sistema Único de Assistência Social foi projetado em Brasília e também a Casa da Mulher Brasileira.

“Brasília foi celeiro dessas políticas que se tornaram federais. Brasília serviu como uma espécie de incubadora dessas iniciativas”, assinalou.

Ele defende que é preciso fazer Brasília novamente um modelo uma referência para o Brasil, uma inspiração para os municípios para os estados. A gente está pronto e preparado para fazer essa virada de chave”, destacou. “Há uma maturidade do nosso campo, o entendimento de que se não houver unidade e se não houver composição entre partidos e lideranças, é impossível ganhar as eleições aqui”, assinalou.

A atual gestão, acrescentou Grass, tem muitos questionamentos no Tribunal de Contas e no Ministério Público. “A melhoria da qualidade de vida do povo não é prioridade para eles. Foram 15 creches em oito anos. No nosso governo de 2011 a 2014 construímos mais de 30 creches e deixamos mais de 27 para seres inauguradas”, lembrou, ao citar uso indevido do Banco de Brasília para atender amigos e time de futebol do governador e para atender parceiros da vice-governadora.

Desafio da reconstrução

Grass encarou o desafio de reconstrução de uma área bastante desvalorizada pela gestão Bolsonaro, que extinguiu o Ministério da Cultura e “praticamente extinguiu a política do patrimônio imaterial. Segundo ele, o governo anterior enfraqueceu as políticas culturais e o quase centenário IPHAN foi jogado no Ministério do Turismo.

Logo que assumiu, Grass se dedicou à importante missão de apoiar o Palácio Planalto, STF e Congresso para recompor seus acervos com os ataques terroristas do dia 8 de janeiro de 2023 à Praça dos Três Poderes. Paralelamente, o instituto se empenhou na parceria com governadores e prefeitos.

“Reunimos com os institutos de patrimônio estadual e municipal, temos um processo de apoio aos entes federados para que eles continuam a gestão seu financiamento e também a sua legislação de patrimônio para criar um sistema nacional”, informou, ao falar da execução de uma carteira de mais de 140 obras e 105 projetos com investimentos mais de R$ 700 milhões.

IPHAN mais forte

Grass conta que o IPHAN tem aperfeiçoado a escuta ativa da sociedade e apontou avanços, fruto do trabalho da ministra Margarete. “Ela tem feito um trabalho também muito grandioso de integração das ações do Ministério e o presidente Lula está nos dando as melhores condições para o trabalho fluir. Vamos deixar o IPHAN muito mais forte e muito mais popular”, assinalou.

O IPHAN tem superintendências em todos os estados, 37 escritórios técnicos em cidades menores, especialmente as históricas, abertos à população. Grass disse que o órgão tem avançando em programas de conscientização para que as pessoas saibam o que é o patrimônio, como preservar e o que deve ser feito para transformá-lo em uma grande ferramenta de desenvolvimento de cidadania.

Um projeto de lei que cria o Fundo Nacional do Patrimônio está em tramitação no Congresso Nacional. Há ainda a perspectiva de transformação do IPHAN em um instituto de ciência e tecnologia para que avance em pesquisa em produção de conhecimentos sobre o patrimônio cultural.

“Temos o objetivo de uma pactuação nacional. É o Brasil entender o patrimônio como um ativo”, salientou, ao destacar que o instituto tem investido em comunicação e atraído o dobro de seguidores nas redes sociais. “As pessoas só cuidam daquilo que elas conhecem. Se elas não tiverem informação, não vão se conectar, não vão ter afeto”

Da Redação

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Last Update: 27/08/2025