Na última terça-feira (15), a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, pediu asilo político ao Brasil, alegando perseguição política decorrente de acusações relacionadas à Operação Lava Jato. Condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, Heredia buscou refúgio na embaixada brasileira em Lima, onde aguardou salvo-conduto do governo peruano, concedido no mesmo dia. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, aceitou o pedido de asilo, e os governos do Brasil e do Peru mantiveram “permanente comunicação sobre a situação”, conforme nota da chancelaria peruana, que cita a Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954.

“É inacreditável uma decisão desta natureza sem que ninguém prove se o alegado dinheiro existiu, se foi entregue e muito menos se houve um ato de conversão”, declarou o ex-presidente peruano Ollanta Humala, por meio de seus advogados. Humala cumpre 15 anos de prisão em base da polícia. “É uma arma de guerra jurídica, para acabar conosco até que não possamos mais lutar. Querem nos forçar ao ostracismo político e que acabemos manchados porque ousamos fazer um dos melhores governos dos últimos 40 anos no Peru”, disse.

Humala também criticou a validade das provas, anuladas no Brasil: “o processo Lava Jato foi anulado porque ficou demonstrado que os documentos apresentados pela empresa, bem como os depoimentos de funcionários da empresa, não eram confiáveis, nem foram obtidos legalmente. Os funcionários da empresa chegaram a afirmar que depuseram sob tortura psicológica, e aqui houve uma desconsideração absoluta dessa situação.” Ele acrescentou: “Há muito tempo, o presidente Lula, por quem tenho profundo respeito, disse que nunca pensou que colocar um prato de comida na mesa de uma pessoa com fome pudesse significar prisão. Presidentes que amaram e lutaram pelo seu povo podem ser condenados como se fossem criminosos?”

Um dos advogados do ex-presidente, o defensor Marco Aurélio de Carvalho, comparou o caso a processos contra Lula: “as condenações do ex-presidente peruano e de sua esposa carecem de provas e foram lastreadas por uma única delação que já é inclusive objeto de dúvidas e polêmicas no próprio Peru”. A defesa recorrerá da sentença, que envolve um dos quatro ex-presidentes peruanos implicados no escândalo da Odebrecht, segundo o Ministério Público do Peru.

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Last Update: 17/04/2025