
Para repercutir os efeitos das imposições do presidente norte-americano Donald Trump ao Brasil, o programa TVGGN 20H contou com a presença do economista Ladislau Dowbor, que apontou a especulação financeira e a falta de regulação do sistema global como fatores que viabilizaram os tarifaços promovidos pelo presidente dos EUA a diversos parceiros comerciais.
“Dez empresas privadas que estão instaladas, inclusive, nas principais empresas brasileiras, na Vale, no Itaú, no Bradesco, etc., com peso de decisões, e extraindo o dinheiro no nível mundial. Só para o pessoal se localizar melhor. A maior delas, a BlackRock, administra 12 trilhões de dólares. É uma empresa privada, 12 trilhões de dólares. É seis vezes o PIB do Brasil, a oitava potência mundial”, pontuou o convidado.
Dowbor ressaltou que empresas que controlam tal magnitude financeira acabam controlando, consequentemente, a bolsa de valores. Por fim, acabam criando uma nova estrutura de poder, especialmente quando 95% das transações financeiras são feitas de forma digital.
“Ou seja, o dinheiro imaterial que é apenas um sinal magnético que navega na velocidade da luz na internet gerou um sistema global. Todo o nosso sistema de regulação global vem de Bretton Woods, lamentavelmente 80 anos atrás. Então, nós não temos mais estrutura de regulação internacional. Nós temos um sistema global e não temos em termos econômicos, financeiros, mas não temos um sistema de regulação global”, pontua o economista.
Graças ao Bretton Woods, havia acordos internacionais sobre tarifas de importação e exportação. E é esta falta de regulação que possibilitou aos EUA a imposição de tarifas excessivas aos parceiros comerciais.
“Isso aqui é surrealista, porque se descolou completamente da lógica econômica. Então, quando ele lasca uns 50% aqui, acho que já são 700 os produtos que tiraram, e que continuam tirando, porque a grita é não só daqui, mas nos Estados Unidos. Você tem empresas que têm uma matéria-prima ou um subproduto para montar um produto nos Estados Unidos que vai chegar muito mais caro, está desarticulando eles”, continua o entrevistado.
Além de comprometer a lógica do comércio internacional, Trump também rompe com o equilíbrio de interesses, que são recíprocos.
E, a longo prazo, a política estimula a formação de outros mercados. “Mais comércio sul-sul, mais contratos com a China. O efeito indireto de tudo que ele está fazendo é uma reorganização, uma rearticulação dos fluxos econômicos no mundo que não tem nenhum interesse dos Estados Unidos.”
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