Donald Trump acreditar estar “vencendo sua guerra comercial” ao impor tarifas à exportação de diversos países, mas isso não significa que os mercados afetados estão fazendo concessões expressivas.
Como explica o Nobel da Economia Paul Krugman, isso acontece simplesmente pela falta de força de Trump nas negociações: por mais que o mercado norte-americano seja grande, negar o acesso a esses consumidores não chega a comprometer os exportadores como se acredita.
“Quem imagina que os EUA podem usar a ameaça de tarifas para forçar grandes mudanças políticas no exterior está sofrendo de delírios de grandeza”, disse Krugman em artigo enviado em newsletter nesta sexta-feira (01/08).
Citando o Brasil como exemplo, Krugman explica que as ações de Trump contra o país são “excepcionais” mesmo dentro do contexto – a começar pelas tarifas de 50% e as exigências apresentadas, que são diferentes ante outros mercados.
“Trump vinculou explicitamente as tarifas à ousadia do país em julgar Jair Bolsonaro, o ex-presidente, por tentar reverter uma eleição que perdeu”, pontua, lembrando ser “completamente ilegal” que um presidente dos EUA use tarifas para tentar influenciar a política interna de um país.
“Escancarado”
Krugman ressalta que todas as práticas adotadas por Trump em termos de comércio são ilegais, mas que o que está sendo feito no Brasil é “escancarado” – mas também destaca “a diferença entre o poder que Trump aparentemente acha que tem e a realidade”.
“Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar um país com mais de 200 milhões de habitantes a abandonar seus esforços de defesa da democracia, quando 88% das exportações brasileiras vão para países que não são os Estados Unidos?”, diz o economista.
O articulista também faz referência à isenção tributária do suco de laranja fresco (90% do qual é importado do Brasil), em uma admissão implícita de os EUA precisam dos produtos vendidos pelo Brasil e que são os consumidores quem pagam as tarifas, e não os exportadores.