Pela primeira vez desde sua criação, o Kombicast, o programa de podcast da Causa Operária TV (COTV), recebeu dois convidados em seu estúdio. No quarto episódio do programa, lançado na última segunda-feira (22), João Jorge Caproni Pimenta e Henrique Simonard entrevistaram o Comandante Robinson Farinazzo, analista militar do canal Arte da Guerra, e o Tenente Vitor Hirsch, instrutor de armamento e tiro, militar da reserva e atleta recordista.
Antes de entrarem no grande assunto do programa, a situação política norte-americana, os apresentadores abriram o espaço para que Farinazzo e Hirsch contassem um pouco de sua biografia.
“Eu nasci no interior de São Paulo, entrei para o Exército, fiquei quatro anos, saí, fui fazer faculdade, fui para Marinha, e fiquei no Corpo de Fuzileiros por muito tempo”, começou Farinazzo. “Depois, fui trabalhar com aviação, saí, montei o canal”, completou o Comandante, que passou pelas três forças armadas.
Vitor Hirsch, ao se apresentar, considerou que sua carreira era tão “eclética” quanto a de Farinazzo. “Desde muito novo, entrei na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, enquanto o comandante fez a Escola Preparatória de Cadetes do Exército”, declarou. “Depois, fui para a academia da Força Aérea, muito jovem, com 16 anos, quando já era obcecado por armas. Um dos dias mais felizes da minha vida foi quando passei na seletiva para a equipe de tiro, no primeiro ano. Depois, fui recordista de tiro nas competições. Segui mais um tempo na aeronáutica, depois saí, estudei filosofia. Fiz doutorado em filosofia e dois pós-doutorados em filosofia”.
O oficial da reserva da Marinha também contou que fez um pós-doutorado na John Hopkins, “uma universidade bastante ligada ao Departamento de Defesa americano”. Depois, fez uma seleção para o mesmo quadro do Comandante Robinson na Marinha, no quadro técnico de oficiais.
Após alguns comentários sobre a passagem dos convidados pelo Rio de Janeiro, durante ambas as trajetórias, os apresentadores jogaram os convidados na primeira fogueira do programa: onde deveria ser a capital do Brasil?
“Juscelino [Kubitschek] fez um grande acerto em levar a capital para o interior”, defendeu Farinazzo. “Brasília é um tremendo polo de desenvolvimento, não podemos negar isso. Só que não houve um planejamento do que seria feito depois com o Rio de Janeiro. Isso drenou a economia da cidade”.
João Pimenta, contudo, argumentou que, no Partido da Causa Operária, a maioria da militância defende que, uma vez feita a revolução proletária, a capital do País deveria ser transferida para São Paulo, uma vez que a capital deveria coincidir com o centro dos acontecimentos políticos. Seria, nesse sentido, mais democrático, uma vez que a população teria mais condições de pressionar o poder federal.
Vitor Hirsch, por sua vez, explicou que, no que diz respeito às capitais federais, há duas linhas de pensamento diferentes, e que ambas são aplicadas em larga escala no mundo. O Tenente, no entanto, destacou que a fundação de Brasília foi importante por “ter colonizado um pouco mais a nossa área”. Além disso, “do ponto de vista militar, é uma vantagem. Se você coloca um porta-aviões no litoral, você ataca o Rio de Janeiro. Brasília é um pouco mais difícil de chegar”.
O debate sobre Brasília acabou servindo como ponte para que, pela primeira vez naquele episódio, os convidados discutissem sobre as chamadas “teorias da conspiração”.
“Eu acho que Juscelino”, começou o Comandante Robinson, “com erros e acertos, conseguiu fazer uma capital com aquela oposição selvagem que a UDN [União Democrática Nacional] fazia para ele. Esse homem era fantástico. E olha o que fizeram com ele no fim da vida. […] Eu acho que ele foi assassinado. Ele, o Jango [João Goulart] e o [Carlos] Lacerda […] Em seis meses… Pelo amor de Deus! Morrem os três potenciais candidatos a presidente do Brasil em seis meses!”.
E por falar em Carlos Lacerda, João Pimenta fez uma revelação surpreendente: seu bisavô, João Jorge Costa Pimenta, fundador do Partido Comunista Brasileiro (PCB), conviveu bastante com Lacerda. Isso porque Lacerda, que depois se tornaria líder da oposição golpista contra Getúlio Vargas, chegou a integrar os quadros do PCB.
“Eu acho que o homem público tem que olhar as consequências dos seus atos”, comentou Farinazzo sobre Lacerda. “Ele não viu o que estava ajudando a criar. Depois ele acabou sendo vítima”.
Após discutirem um pouco o que aconteceu no Brasil no século XX, os participantes do programa passaram a debater a política norte-americana. Naquele momento, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, já havia sido indicada como a nova candidata do Partido Democrata.
“Na minha opinião, você pode botar quem você quiser lá. Bota quem você quiser: pode botar Kamala [Harris], botar [Donald] Trump, botar [Joe] Biden, botar [Adolf] Hitler, pode trazer [Barack] Obama de volta… pode fazer o que você quiser, cara. Aquilo não tem mais jeito”, disparou o Comandante Robinson.
Vitor Hirsch, por seu turno, não demonstrou maior otimismo com a situação no país mais importante da ordem mundial.
“É um morticínio absurdo causado pelo imperialismo americano. E eles estão se afundando nessa democracia. Não é democracia, é uma plutocracia ou sei lá qual o nome. É esse sistema bipartidário, com a concentração de renda que eles têm lá, que só aumenta. […] Eu não vejo uma convulsão como iminente, mas eu não acho impossível, dada a quantidade de armas na mão da população”.
Ficou curioso para saber o que mais os convidados disseram em quase três horas de programa? O que pensa o Tenente Vitor Hirsch, especialista em tiro, sobre o atentado a Donald Trump? O que o Comandante Robinson tem a dizer sobre o declínio militar dos Estados Unidos? E quais os prognósticos dos convidados para as eleições norte-americanas?
Assista ao programa na íntegra e confira: