A candidata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, discursou no encerramento da Convenção do Partido Democrata nesta quinta-feira (22), em Chicago, e aceitou formalmente a indicação para concorrer nas eleições de novembro. Durante sua fala, a atual vice-presidente estadunidense focou em expor suas diferenças em relação ao adversário, republicano Donald Trump, além de destacar a ameaça iminente contra democracia de um segundo mandato do ex-presidente extremista.
“Em nome do povo, de cada americano, sem considerar partido, raça, ou da língua que sua avó fale (…), eu aceito indicação para ser presidente dos Estados Unidos da América”, declarou Harris, diante dos mais de 5 mil delegados do Partido Democrata que oficializaram sua candidatura.
A vice-presidente começou o discurso falando sobre o caminho até a candidatura e agradeceu ao presidente Joe Biden, que desistiu de concorrer à reeleição. “O caminho que me trouxe até aqui nas últimas semanas foi inesperado. Mas conheço bem jornadas improváveis”, disse.
A oportunidade de “União” contra Trump
Durante sua fala, a democrata foi direta e apelou para a união, afirmando que fará um governo “para todos”, que colocará o país à frente de partidos e dela mesma.
“Nossa nação tem uma oportunidade preciosa e passageira de superar a amargura, o cinismo e as batalhas divisórias do passado. Uma chance de traçar um novo caminho a seguir. Não como membros de nenhum partido ou facção. Mas como americanos“, afirmou.
Harris não poupou críticas a Trump, quem classificou como um “homem sem seriedade”. Ela relembrou do ataque de seus apoiadores ao Capitólio e citou os problemas que o ex-presidente enfrenta na Justiça norte-americana.
“As consequências de colocar Donald Trump de volta na Casa Branca são extremamente sérias. Considere não apenas o caos e calamidade quando ele estava no cargo, mas o que aconteceu desde que ele perdeu a eleição”, destacou.
“Ele foi considerado culpado de fraude por um júri de americanos comuns. E separadamente considerado responsável por cometer abuso sexual”, prosseguiu. “Considere o poder que ele terá, especialmente depois que a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que ele seria imune a processos criminais”, alertou.
Segundo Harris, se Trump for eleito servirá ao único “cliente” que ele já teve: “ele mesmo”.
Ela também falou sobre o “Projeto 2025”, que consiste em uma série de propostas conservadoras que poderiam ser usadas em um segundo mandato do republicano.
Política externa
Ao comentar sobre a política externa, a vice-presidente comentou sobre a guerra na Faixa de Gaza e foi aplaudida ao defender o direito de liberdade dos palestinos, uma vez que a convenção democrata foi marcada por uma série de protestos pró-Palestina.
“O presidente Joe Biden e eu estamos trabalhando para acabar com esta guerra de modo que Israel esteja seguro, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza acabe e o povo palestino possa realizar seu direito à dignidade. Segurança. Liberdade. E autodeterminação”, contou.
“Sempre defenderei o direito de Israel de se defender e vou sempre garantir que Israel tenha a capacidade de se defender, pois o povo de Israel nunca mais deve enfrentar o horror que a organização terrorista chamada Hamas causou em 7 de outubro”, acrescentou.
Ainda falando sobre política internacional, Kamala falou que jamais vai se submeter aos interesses de países como o Irã e disse que “ditadores como Kim Jong-un” estão torcendo para Trump, porque “sabem que ele é fácil de manipular”.
Temas internos
Harris também passeou pelos desafios internos do país, sendo que uma de suas principais propostas visa cortes nos impostos para a classe média e um aumento nas taxas para grandes fortunas.
“Construir essa classe média será um objetivo principal da minha Presidência”, afirmou. “Vamos criar o que eu chamo de uma economia de oportunidade, na qual todos têm a chance de competir e ter sucesso”, completou.
A vice também defendeu os direitos reprodutivos das mulheres, relembrando os retrocessos de Trump sobre o tema. “Como parte de sua agenda, ele [Trump] e seus aliados podem limitar acesso a controle de natalidade, banir medicações de aborto e aplicar um banimento nacional do aborto com ou sem o Congresso”, argumentou.
“Alguém deve se perguntar: ‘por que eles não confiam nas mulheres?’. Bom, nós confiamos nas mulheres”, declarou Harris.
A candidata democrata ainda tocou num ponto de tensão para os americanos: a imigração. “Donald Trump acredita que um acordo para a fronteira atrapalharia sua campanha. Então ele pediu aos seus aliados para que matassem o acordo. Bom, eu me recuso a ‘fazer política’ com nossa segurança”, disse.
“Podemos viver orgulhosos com nossa herança de uma nação de imigrantes e reformar nosso sistema de imigração quebrado. Podemos criar um caminho merecido para a cidadania e proteger nossa fronteira”, destacou Harris.