
O advogado criminal Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, comentou o projeto de lei apresentado pela deputada federal Rosângela Moro (União-SP), que propõe que o SUS ofereça atendimento psicológico a pessoas que tratam bonecas do tipo “bebê reborn” como filhos.
Para o advogado, a proposta é absurda e desrespeitosa com a realidade de milhares de brasileiros que enfrentam dificuldades para conseguir atendimento básico no sistema público de saúde.
Confira:
Na área da psiquiatria, provavelmente esse tipo de situação deveria ser tratado com mais seriedade. É ridículo. Desde quando um boneco tem “pai” ou “mãe”? Usar o Sistema Único de Saúde (SUS) para atender esses “pais de bonecos que custam uma fortuna” é completamente descabido. Afinal, quem tem condições de pagar por uma dessas bonecas certamente também tem plano de saúde e arca com terapia particular. Um jornal de grande circulação estampa hoje, na primeira página, que um boneco pode custar até R$ 9,5 mil.
Ontem, presenciei uma cena que beirava o absurdo: uma dondoca tentando entrar na fila especial de um local público apenas porque carregava uma boneca nos braços, chamando-a de “filha”. É inacreditável. Essa situação revela claramente um descolamento da realidade — algo que parece mais um caso médico do que uma questão de direitos. É, sim, uma doença, e também um desrespeito com as milhares de crianças pobres e desassistidas em todo o país.
“Consulta médica” e “parto simulado” são práticas que, honestamente, deveriam ser vistas como casos psiquiátricos — mas não no SUS. O sistema público de saúde já enfrenta dificuldades imensas para atender à população real, com problemas reais. Incluir demandas desse tipo apenas agrava o cenário e demonstra uma inversão de prioridades. Mesmo nos hospitais particulares, esses deslumbrados estariam ocupando um leito que pode fazer falta a alguém que realmente precise ser tratado.
Agora, é claro que cada um tem o direito de gastar seu dinheiro como quiser. Essas bonecas são produzidas por artistas — verdadeiros artistas plásticos — que têm todo o direito de criar e vender seus produtos. A crítica não se dirige à existência ou ao comércio desses itens, mas sim ao uso inadequado do serviço público para atender a um luxo particular.
É inconcebível transformar uma tendência de consumo — essa febre entre pessoas, em geral, abastadas — em mais uma demanda imposta ao serviço público. Já se fala até em filas especiais em supermercados, aviões e no SUS para esses casos. É o fim da picada. O serviço público deve ser preservado para quem realmente precisa dele.
Sério, Brasil, onde vamos parar com essa realidade paralela?
Uma matéria do Fantástico escancarou uma loja em Campinas (SP) que levou o conceito de bonecas reborn a outro nível de surrealismo. Não é só vender bonecas hiper-realistas, não! O lugar montou uma maternidade fake pra… pic.twitter.com/g3hL4EaBXe
— Fala Will (@lavemowill) May 16, 2025
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