A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) compareceu nesta quarta-feira (27) ao Tribunal de Apelação de Roma, na Itália, para mais uma audiência do processo que avalia sua extradição ao Brasil. A sessão terminou sem decisão, e a parlamentar seguirá presa na penitenciária de Rebibbia, em Roma, até que o juiz responsável analise novos documentos solicitados.
A defesa da deputada pediu que ela aguarde o trâmite em liberdade ou em prisão domiciliar, alegando problemas de saúde. No entanto, uma perícia médica determinada pela Justiça italiana não encontrou indícios que justifiquem a soltura.
A unidade de Rebibbia abriga mulheres em regimes de segurança média e alta e é dividida em oito seções. Apesar da boa estrutura, sofre com um problema grave de superlotação e falta de funcionários. Apesar de ter capacidade para receber apenas 272 mulheres, atualmente 371 estão presas lá.
Condenações no Brasil e fuga
Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em duas ações penais. A primeira decisão, em maio, fixou pena de 10 anos de prisão por coordenar a invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que resultou na emissão fraudulenta de um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Neste mês, a deputada também foi condenada por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, devido ao episódio em que perseguiu um homem armado na véspera do segundo turno das eleições de 2022, no bairro Jardins, em São Paulo.
Após a primeira condenação, a parlamentar deixou o Brasil e foi considerada foragida. Ela foi presa em Roma em 29 de julho, após inclusão na lista vermelha da Interpol.
Defesa tenta reverter prisão
Os advogados de Zambelli alegam que, como o governo brasileiro não apresentou formalmente pedido de prisão preventiva, a parlamentar poderia responder ao processo de extradição em liberdade. A Corte Suprema da Itália, no entanto, já decidiu em outros casos que a inclusão de um nome na lista de alerta vermelho da Interpol equivale a um pedido formal de prisão com validade internacional.
Processo pode se arrastar
Segundo juristas, o processo de extradição de Carla Zambelli pode se estender de um ano e meio a dois anos. Até lá, caberá à Justiça italiana decidir se ela permanecerá detida ou poderá aguardar o julgamento em liberdade.
O ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos contra Zambelli no STF, já havia determinado a prisão preventiva da parlamentar no Brasil.
Atuação nas redes sociais
Mesmo considerada foragida, Zambelli mantém presença nas redes por meio de um perfil alternativo no Instagram, criado em maio de 2025. A conta, com pouco mais de 4.600 seguidores, é usada para comentar política nacional e criticar o Supremo.
Suas contas oficiais haviam sido derrubadas em junho por ordem de Moraes. O último post da nova página foi publicado em 28 de julho, um dia antes de sua prisão na Itália.